Tercei Pessoa
Da janelinha gradeada da cela, caiu um pequeno envelope. Esmeralda, que mal conseguia dormir de tanta tristeza e dor. Tinha recebido vários outros como aquele, todos alertando sobre o perigo que estava correndo, de que precisava escapar e que não temesse nada, pois não estava sozinha.
“ Tem amigos no clã, pessoas que se importam de verdade e não te deixaremos sozinha!”
Todos com o aviso de que se livrasse deles logo após ler. Esmeralda os jogou na privada e deu descarga.
Uma chama de esperança acendeu-se no seu coração, aquecendo a sua vontade de viver e lutar. Ela abriu o envelope ansiosa.
Dentro dele, havia instruções claras e curtas, de como escapar da prisão.
Ela deitou novamente, preocupada, se perguntando quem estaria a enviar aqueles bilhetes. Se, pelo menos
*** Sou muito chata ao pedir que sigam os meus livros e comentem? Amo os comentários, divirto-me lendo todos! Obrigada pela motivação, adoro vocês!********ELAEstava deitada na cama da cela com os olhos fechados, mas não havia nenhuma vaga para o sono estacionar. A ansiedade estava a mil, somada a curiosidade de saber quem seria o meu benfeitor.A decisão estava tomada, eu tinha desistido de tudo o que dizia respeito ao clã da Lua Nova.Eu quero o respeito que eu mereço, a consideração, cumplicidade e atenção de um relacionamento saudável. Já tive a minha cota de homens que priorizavam tudo, menos eu.Do meu próprio pai, a Amir e então, Ares.Se ser a prioridade do meu parceiro era pedir demais, então, eu ficaria sozinha
ELAO que significa ter coragem?Não temer nada, nem ninguém, como supostamente os super-heróis fazem, ou seria enfrentar uma situação de risco, encarar o perigo apesar do medo?Diante daquele lobisomem, sujo do próprio sangue e completamente nu, eu estava apavorada. Um espécime bonito, de corpo bem feito e bem trabalhado, entretanto, fazia-me sentir repulsa. Até o meu estômago estava reclamando, querendo expelir o que continha, tamanho era o meu pavor.Ele virou a cabeça de lado de novo, o seu sorriso mostrava os caninos afiados e um cinismo devastador.— Está com medo de mim, Luna humana?Os meus pés se moviam lentamente, por vontade própria, mais dois pequenos passos para trás.— Eh… Não entendo… o que est&a
— Não tenho tempo para isso agora, fêmea, mas montarei em você assim que chegarmos ao acampamento.Ele se abaixou para me pegar do chão, foi quando tirei do sutiã a faca que havia surrupiado da bandeja do café da manhã e quando ele me ergueu, eu passei a lâmina bem no meio das pernas dele.Ele me jogou longe enquanto grunhia de dor.Acho que cortei os testículos dele ao meio… hehe, separei os ovinhos...Aproveitei a oportunidade e corri. Sei que era loucura, ele logo me alcançaria, mas me recusava a me entregar sem lutar. Se servir de parideira para Ares já era pior do que a morte, imagine uma vida de escravidão sexual para esse pervertido!A morte parecia uma bênção diante de tal conjectura.Segurava a pequena faca com toda a força, temend
ELEOlhei no espelho confuso com tantas emoções. Passei o dedo indicador delicadamente pela marca com medo dela desaparecer com o meu toque.Mal podia acreditar que a minha fêmea, uma humana, me marcou.Não conseguia entendê-la, era tão contraditória. Rejeitava a mim e a minha semente, me humilhando como macho e desprezando o nosso vínculo. No entanto, marcou-me como dela, a maior prova de aceitação de um companheiro que existe.Estava surpreso com a capacidade de uma humana marcar um lobisomem, todavia, estava ainda mais surpreso com o fato de ela ter marcado a mim, a quem humilhou tanto.Não há na História dos lobisomens o registro de uma fêmea que rejeitasse a semente de seu companheiro, ainda mais um Alfa.Será que tinha repulsa pelo meu sangue?&n
O alarme de invasão ecoou pelo clã no meio da madrugada. O Alfa deixou a Luna grávida assustada na tenda e correu ao encontro dos seus guerreiros. Lobos perdidos mais uma vez entraram no seu território para saquear os bens do seu povo.Alfa Hermes era um líder honrado, corajoso e muito dedicado ao clã e a sua amada companheira, Luna Edite. Ela estava grávida de seu primeiro filhote e ele ordenou que ela permanecesse na tenda e não pusesse a sua vida e a do filhote em risco, pois ele cuidaria de tudo.Infelizmente, os lobos perdidos invadiram o território no meio de uma tempestade, muito vento, chuva e neve prejudicavam o faro dos seus rastreadores, dificultando a busca pelos malfeitores.Mesmo com as dificuldades climáticas, os lobos bem treinados do Alfa Hermes capturaram os invasores sem muita demora.Pelo menos, era o que pensavam, ignorando que o líder do bando de lobos perdidos tinha um cúmplice infiltrado no clã. A batalha acontecia de um lado do território, enquanto ele próprio
Vinte e seis anos depois…— Acorda, preguiçosa! Mulher casada não dorme até essa hora não!“Bom dia, flor do dia!” Era a frase que a minha mãe usava para me despertar todas as manhãs antes de ir à escola.Quando foi que a minha vida mudou tanto? E para pior…— Eu, na sua idade, acordava antes do sol nascer para preparar o café da manhã dos meus sogros!“Blá, blá, blá! Quem liga para como você tratava os seus sogros, sua megera?”Pensei, ao jogar o cobertor para o lado e me levantar. Infelizmente, não tinha coragem de falar esse tipo de coisa para a minha sogra na cara dela. Não desejava outra punição do meu marido por desrespeitá-la.Tomei um banho para despertar o meu corpo para os desafios do meu sério dia de mulher casada.O meu chamado marido saiu bem cedo pela manhã para administrar a fazenda, deixando para trás o meu corpo dolorido por mais uma noite em que ele fez o possível para me engravidar.Olhei-me no espelho, para ajeitar o hijab, e saí do quarto em direção à cozinha. A m
Terminei de preparar o almoço e servi à mesa. A minha sogra chegou com a mesma cara de nojo de sempre e fez um muxoxo antes de sentar.Peguei um prato para servi-la primeiro, escolhendo a fatia de cordeiro mais bonita e gordurosa para ela, arroz com nozes, e quando estava prestes a pegar o puré de abóbora, ela deu um tapa na mesa.— Não me sirva essa coisa horrorosa que você fez, parece lavagem! E coloque outra peça de cordeiro no meu prato, não seja sovina com a mãe do seu marido!Respirei fundo e obedeci sem reclamar. Entreguei o prato a ela, que comia como se não houvesse amanhã. Servi-me do que mais gostava e sentei na cadeira de frente para ela.Ela mastigava ruidosamente e reclamou de tudo o que tinha na mesa, botando defeito em todos os pratos, embora tenha repetido quase todos. Quando estava satisfeita e com a boca cheia de gordura, tamborilou os dedos sobre a mesa me observando comer. De repente, ela levantou.— Não deve comer tanto, está ficando gorda e o meu filho não gosta
ELEAres estava no salão de artes do castelo antigo, que ficava no centro da cidade principal do seu território. Nesse salão, ficavam os quadros e bustos dos Alfas anteriores. Diante dele, a pequena estátua de Luna Edite, onde ele havia, como todos os dias, trocado as flores do vaso.Ele olhava fixamente para aquela que era a figura que representava a Luna conhecida por sua bravura e bondade.A saudosa Luna cujo vincula ainda percorria a aura de todos os membros do clã.A amada líder que dedicou a vida para cuidar do seu povo.A fêmea que ele nunca teve a oportunidade de chamar de mãe, mas que, ao nascer, causou a morte.“ Você não é meu filho, muito menos o meu herdeiro! Por sua causa, a minha companheira morreu, você é um maldito!”Ares retirou as flores do vaso e as arrumou novamente, uma a uma, até que o arranjo lhe parecesse perfeito.Pegou uma pequena vela de cera e parou diante da imagem de Hecate, a Deusa dos lobisomens, mãe de todas as Lunas.Aquele era o aniversário de morte