Caíque narrando
Vi ela vindo de longe. A mesma postura firme de sempre, mas tinha algo diferente no olhar da Janete. Não era medo, nem saudade. Era fogo. E por um segundo, admito… isso mexeu comigo.
Ela parou na minha frente sem desviar o olhar. Nem um passo pra trás, nem um vacilo. E ali, naquele instante, eu soube — a Janete que eu conhecia morreu. E essa que tava ali agora... era outra.
— Achei que cê não vinha — falei, tentando manter o controle da situação.
Ela soltou um sorriso torto, daqueles que não mostram dente, mas mostram veneno.
— Achei que você já tivesse aprendido que eu só apareço quando eu quero, Caíque.
Engoli seco. Essa mulher sabe como me tirar do eixo.
— Ainda é braba, né?
— Não. Agora eu sou pior — ela respondeu, e cruzou os braços, me desafiando com o olhar.
Fiquei encarando ela por uns segundos. Tava linda, como sempre, mas tinha uma aura diferente. Como se ela tivesse voltado do inferno e decidido que ninguém nunca mais ia mandar nela.
— Cê veio me encarar ou