Janete Narrando
Acordei com aquela sensação estranha no peito, como se o universo tivesse mudado de rumo enquanto eu dormia. Me espreguicei devagar, sentindo o silêncio ao redor. Meu celular tava na mesinha ao lado, piscando com uma notificação. Suspirei antes de pegar — parte de mim já sabia que o dia não ia ser comum.
Levantei, joguei uma água no rosto e fiquei encarando meu reflexo no espelho. Olheira marcada, mas o olhar firme. Depois de tudo que passei, de tudo que vivi... não tem mais espaço pra medo. Vesti uma roupa simples, peguei minha bolsa e saí do apartamento.
Na rua, o vento bateu no rosto como se quisesse me lembrar de quem eu sou. A Janete que enfrentou o sequestro, que olhou no olho de bandido e não abaixou a cabeça, ainda tá viva. Mais viva do que nunca.
Peguei o celular e mandei uma mensagem pra Nath:
— Hoje eu resolvo minha vida. Ninguém vai brincar comigo sem saber que o jogo virou.
E segui em frente, decidida, com o salto firme na calçada. Porque agora, é a minha