Elize acordou mais cedo do que o necessário. O coração disparado não deixava dúvida: aquele dia seria sua maior oportunidade.

Dessa vez, ela não ia vestida de qualquer jeito.

Escolheu uma calça de alfaiataria preta que destacava sua cintura fina, uma blusa branca de tecido leve e mangas longas, com um pequeno laço na gola. Nos pés, um mocassim discreto.

Fez um coque alinhado, mas desfez no último segundo — uma trança lateral pareceu mais autêntica. Talvez uma lembrança inconsciente de uma outra noite, de outro tempo. Quem sabe.

Passou um batom cor de boca, respirou fundo diante do espelho e murmurou pra si mesma:

— Vai dar certo.

Do outro lado da cidade, Henrique estava irritantemente pontual — o que, na linguagem dele, era um sintoma claro de nervosismo.

Tentava disfarçar a ansiedade entre uma xícara de café e outra enquanto ajeitava o terno pela terceira vez. Ainda se perguntava por que diabos tinha se dado ao trabalho de pedir aquele currículo específico, quando ofici