Capítulo 04

- Laura? Que surpresa você aqui!

- Thomas? Eu digo o mesmo! Que coincidência.

Sim, era ele. A personificação da beleza e o responsável por me mostrar que o meu mundo não poderia girar em torno de Eduardo.

Mas o que ele estava fazendo aqui? Saindo do andar da diretoria? Como assim, mais uma vez nos encontramos repentinamente? São muitas perguntas…

- Posso perguntar o que te trouxe aqui? - Ele disse parado ao meu lado, enquanto o elevador descia. Aparentemente ele também ia para o térreo.

- Bom… Eu poderia fazer a mesma pergunta?

- Laura, não estou te perseguindo, se é isso que está pensando. - Ele abriu aquele sorriso que começa primeiro nos olhos. - Eu trabalho aqui. - Disse naturalmente.

- Trabalha aqui? Uau, mais uma coincidência.

- Você também trabalha aqui? - Ele estava surpreso.

- Ainda não. Mas fui convidada pelo Sr. Pedro Giante, diretor jurídico. - Falei com um orgulho nada contido e foi a primeira vez que contei para alguém.

- Uau, parabéns. O Pedro é muito cuidadoso com suas escolhas. Você com certeza tem muito potencial para integrar a equipe. Seja bem-vinda, então. - Deu para perceber a sinceridade em sua voz.

- Eu ainda não aceitei a proposta. Não porque eu não queira, mas preciso analisar como vou fazer a transição do escritório pra cá. Tenho responsabilidades e compromissos para cumprir.

Nesse momento o elevador se abriu e um pequeno grupo de pessoas estava aguardando para entrar.

- Bom dia, Sr. Thomas. - Falou um dos rapazes.

- Bom dia, Gabriel. - Ele falou naturalmente enquanto saíamos para o grupo entrar. Não sei qual é o cargo dele na empresa, mas com certeza não era estagiário.

- Bom… Foi bom te encontrar… Novamente. - Eu disse em tom de despedida. Não sei se um dia terei a oportunidade de agradecer o real favor que ele fez por mim.

- Hã… Laura, você tem tempo para um café? - Ele olhou para o relógio e para mim.

Eram quase onze da manhã, minha mente estava agitada com todas as informações sobre a proposta do trabalho. Mas algo me dizia para não recusar o convite.

- Huum, pode ser. Obrigada.

Entramos em um café que ficava dentro do prédio do Grupo Prime, um lugar sofisticado e silencioso, apesar de ser um ponto de encontro de executivos. O tipo de ambiente que eu naturalmente deveria estar familiarizada se ainda pertencesse a minha família.

- Já é quase hora do almoço, que tal uma refeição ao invés de um café? - Thomas me olhou como se estivesse falando com alguém que conhece há muito tempo.

- Verdade. Um almoço então. - Eu estava começando a ficar curiosa sobre como as coisas acontecem repentinamente entre nós.

- Laura, o que achou da proposta do diretor jurídico? Está de acordo com as suas expectativas? - Aquela pergunta me pegou desprevenida. Que cargo ele ocupava para estar interessado nisso?

- Ah, Sim… Para mim estava devidamente colocado. - Falei objetivamente. Afinal, não sei o que ele busca com isso. - Posso perguntar o que você faz aqui?

- Digamos que… Eu atuo em algumas áreas da diretoria. - Percebi que ele ficou escolhendo as palavras.

- Huum, acho que entendi.

O almoço passou rápido, Thomas contou sobre algumas curiosidades da empresa, elogiou o trabalho do time jurídico sob o comando de Pedro Giant e parecia confortável comigo.

- Sim… Estou em um almoço… Em uma hora. Ok. - Uma ligação interrompeu a nossa conversa.

- Bom, acho que o dever nos chama.

- Confesso que já tinha esquecido dessa parte. - Ele sorriu.

- Muito obrigado pelo almoço, Thomas. Foi um prazer.

- Laura, posso te perguntar só mais uma coisa? - Ele me olhou com uma expressão de dúvida e cautela.

- Claro.

- Naquele dia que peguei o seu documento no chão, vi o seu sobrenome. Você tem alguma ligação com a tradicional família Welensk?

Senti meu coração gelar e acelerar no mesmo segundo. Apesar de ser o meu sobrenome, fazia muito tempo que não o pronunciava e ouvir aquilo me pegou de surpresa.

- Não. - Falei com menos convicção do que deveria. - Não tenho ligação nenhuma com essa família. O que tem eles?

- Nada para se preocupar. Só curiosidade, já que eles também são uma família tradicional aqui.

- Entendi. Obrigada mais uma vez, até a próxima.

- Espero que não demore. - Ele continuou na mesa enquanto pegava o celular no bolso e eu fui em direção à recepção.

- Olá, gostaria de pagar a conta. - Falei tirando o celular da bolsa.

- Não há necessidade senhorita. A conta já foi paga. - A recepcionista deu aquele tradicional sorriso de atendimento.

- Ah, ok. Obrigada.

Apesar da conversa ter sido boa, saí desse almoço com mais perguntas do que respostas. Mas principalmente, qual era o interesse de Thomas na minha família?

A semana passou como um flash de acontecimentos, entre a saída do escritório e a admissão na nova empresa. Fiquei surpresa com a autonomia que o diretor jurídico tem para realizar contratações sem o aval direto do RH.

No final de semana saí com Louise para fazer compras, “projeto novo, look novo”, era o que ela dizia sempre que fechava um novo projeto com a desculpa de comprar mais roupas. Percebi que depois da última vez que Eduardo me deixou ela começou uma força-tarefa para me mostrar que existe uma vida além dele, sempre me puxando para fazer coisas que me distraíssem.

- Um look novo para uma nova semana! - Apareci na sala com uma animação invejável para mostrar qual das roupas havia escolhido para o primeiro dia. Era um conjunto de terno com saia off-white e uma blusa de seda preta por baixo. Confesso que sou totalmente adepta de uma paleta de cores sóbria e neutra, diferente de Louise que é super criativa com cores e estampas.

- Uau! Você está deslumbrante. - Ela saiu puxando minha mão para a frente do espelho orgânico que temos na sala. - Olhe para essa mulher. Veja o mulherão que você se tornou! Nunca acredite que você merece menos do que o que você sabe que merece, porque se chegou até aqui foi por competente e mérito seu.

- Ahh, Lou… Eu jamais chegaria até aqui se não fosse você. Você os seus pais. Nunca poderei agradecer o suficiente. - Eu disse já com lágrimas nos olhos.

- A gente só deu um empurrãozinho. Você iria conseguir de qualquer jeito.

“Eu estou conseguindo e só eu e Louise sabíamos o real peso disso.” Pensei enquanto me olhava no espelho, finalizando os últimos retoques da maquiagem e do cabelo, observei meus traços. Eu sou parecida com a minha mãe em alguns pontos e com meu pai em outros, tenho os olhos castanhos do meu pai e o cabelo liso da mamãe. Ela era branca, loira e de olhos claros, já meu pai era moreno e eu sou exatamente a mistura fiel dos dois.

Me olhar no espelho e reconhecer os meus pais era um jeito feliz de começar uma nova semana.

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