Mundo de ficçãoIniciar sessão- Laura? Que surpresa você aqui!
- Thomas? Eu digo o mesmo! Que coincidência. Sim, era ele. A personificação da beleza e o responsável por me mostrar que o meu mundo não poderia girar em torno de Eduardo. Mas o que ele estava fazendo aqui? Saindo do andar da diretoria? Como assim, mais uma vez nos encontramos repentinamente? São muitas perguntas… - Posso perguntar o que te trouxe aqui? - Ele disse parado ao meu lado, enquanto o elevador descia. Aparentemente ele também ia para o térreo. - Bom… Eu poderia fazer a mesma pergunta? - Laura, não estou te perseguindo, se é isso que está pensando. - Ele abriu aquele sorriso que começa primeiro nos olhos. - Eu trabalho aqui. - Disse naturalmente. - Trabalha aqui? Uau, mais uma coincidência. - Você também trabalha aqui? - Ele estava surpreso. - Ainda não. Mas fui convidada pelo Sr. Pedro Giante, diretor jurídico. - Falei com um orgulho nada contido e foi a primeira vez que contei para alguém. - Uau, parabéns. O Pedro é muito cuidadoso com suas escolhas. Você com certeza tem muito potencial para integrar a equipe. Seja bem-vinda, então. - Deu para perceber a sinceridade em sua voz. - Eu ainda não aceitei a proposta. Não porque eu não queira, mas preciso analisar como vou fazer a transição do escritório pra cá. Tenho responsabilidades e compromissos para cumprir. Nesse momento o elevador se abriu e um pequeno grupo de pessoas estava aguardando para entrar. - Bom dia, Sr. Thomas. - Falou um dos rapazes. - Bom dia, Gabriel. - Ele falou naturalmente enquanto saíamos para o grupo entrar. Não sei qual é o cargo dele na empresa, mas com certeza não era estagiário. - Bom… Foi bom te encontrar… Novamente. - Eu disse em tom de despedida. Não sei se um dia terei a oportunidade de agradecer o real favor que ele fez por mim. - Hã… Laura, você tem tempo para um café? - Ele olhou para o relógio e para mim. Eram quase onze da manhã, minha mente estava agitada com todas as informações sobre a proposta do trabalho. Mas algo me dizia para não recusar o convite. - Huum, pode ser. Obrigada. Entramos em um café que ficava dentro do prédio do Grupo Prime, um lugar sofisticado e silencioso, apesar de ser um ponto de encontro de executivos. O tipo de ambiente que eu naturalmente deveria estar familiarizada se ainda pertencesse a minha família. - Já é quase hora do almoço, que tal uma refeição ao invés de um café? - Thomas me olhou como se estivesse falando com alguém que conhece há muito tempo. - Verdade. Um almoço então. - Eu estava começando a ficar curiosa sobre como as coisas acontecem repentinamente entre nós. - Laura, o que achou da proposta do diretor jurídico? Está de acordo com as suas expectativas? - Aquela pergunta me pegou desprevenida. Que cargo ele ocupava para estar interessado nisso? - Ah, Sim… Para mim estava devidamente colocado. - Falei objetivamente. Afinal, não sei o que ele busca com isso. - Posso perguntar o que você faz aqui? - Digamos que… Eu atuo em algumas áreas da diretoria. - Percebi que ele ficou escolhendo as palavras. - Huum, acho que entendi. O almoço passou rápido, Thomas contou sobre algumas curiosidades da empresa, elogiou o trabalho do time jurídico sob o comando de Pedro Giant e parecia confortável comigo. - Sim… Estou em um almoço… Em uma hora. Ok. - Uma ligação interrompeu a nossa conversa. - Bom, acho que o dever nos chama. - Confesso que já tinha esquecido dessa parte. - Ele sorriu. - Muito obrigado pelo almoço, Thomas. Foi um prazer. - Laura, posso te perguntar só mais uma coisa? - Ele me olhou com uma expressão de dúvida e cautela. - Claro. - Naquele dia que peguei o seu documento no chão, vi o seu sobrenome. Você tem alguma ligação com a tradicional família Welensk? Senti meu coração gelar e acelerar no mesmo segundo. Apesar de ser o meu sobrenome, fazia muito tempo que não o pronunciava e ouvir aquilo me pegou de surpresa. - Não. - Falei com menos convicção do que deveria. - Não tenho ligação nenhuma com essa família. O que tem eles? - Nada para se preocupar. Só curiosidade, já que eles também são uma família tradicional aqui. - Entendi. Obrigada mais uma vez, até a próxima. - Espero que não demore. - Ele continuou na mesa enquanto pegava o celular no bolso e eu fui em direção à recepção. - Olá, gostaria de pagar a conta. - Falei tirando o celular da bolsa. - Não há necessidade senhorita. A conta já foi paga. - A recepcionista deu aquele tradicional sorriso de atendimento. - Ah, ok. Obrigada. Apesar da conversa ter sido boa, saí desse almoço com mais perguntas do que respostas. Mas principalmente, qual era o interesse de Thomas na minha família? A semana passou como um flash de acontecimentos, entre a saída do escritório e a admissão na nova empresa. Fiquei surpresa com a autonomia que o diretor jurídico tem para realizar contratações sem o aval direto do RH. No final de semana saí com Louise para fazer compras, “projeto novo, look novo”, era o que ela dizia sempre que fechava um novo projeto com a desculpa de comprar mais roupas. Percebi que depois da última vez que Eduardo me deixou ela começou uma força-tarefa para me mostrar que existe uma vida além dele, sempre me puxando para fazer coisas que me distraíssem. - Um look novo para uma nova semana! - Apareci na sala com uma animação invejável para mostrar qual das roupas havia escolhido para o primeiro dia. Era um conjunto de terno com saia off-white e uma blusa de seda preta por baixo. Confesso que sou totalmente adepta de uma paleta de cores sóbria e neutra, diferente de Louise que é super criativa com cores e estampas. - Uau! Você está deslumbrante. - Ela saiu puxando minha mão para a frente do espelho orgânico que temos na sala. - Olhe para essa mulher. Veja o mulherão que você se tornou! Nunca acredite que você merece menos do que o que você sabe que merece, porque se chegou até aqui foi por competente e mérito seu. - Ahh, Lou… Eu jamais chegaria até aqui se não fosse você. Você os seus pais. Nunca poderei agradecer o suficiente. - Eu disse já com lágrimas nos olhos. - A gente só deu um empurrãozinho. Você iria conseguir de qualquer jeito. “Eu estou conseguindo e só eu e Louise sabíamos o real peso disso.” Pensei enquanto me olhava no espelho, finalizando os últimos retoques da maquiagem e do cabelo, observei meus traços. Eu sou parecida com a minha mãe em alguns pontos e com meu pai em outros, tenho os olhos castanhos do meu pai e o cabelo liso da mamãe. Ela era branca, loira e de olhos claros, já meu pai era moreno e eu sou exatamente a mistura fiel dos dois. Me olhar no espelho e reconhecer os meus pais era um jeito feliz de começar uma nova semana.






