Talvez não fosse uma má ideia. Foi o que eu pensei quando Eduardo me mandou uma mensagem falando que gostaria de me ver. - Quem sabe dessa vez ele realmente tenha mudado? - Era o que eu ficava repetindo pra mim mesma. - Laura, ele não mudou e você não pode deixar que ele te trate como qualquer coisa. Eu sei que ainda tem sentimentos por ele, mas ele não sente nada por você e só quer te usar. As verdades nas palavras de Louise doíam profundamente. Eduardo foi meu namorado desde o início da faculdade, terminou comigo duas vezes e depois voltava com alguma desculpa esfarrapada para reatar. Da última vez descobri que, na verdade, ele terminou comigo para ir viajar com a filha de um ricasso influente. Dessa vez não dei outra chance e mandei ele sumir, isso tem dois meses e foi o maior tempo que já fiquei longe de Eduardo. Apesar de ter sido um canalha, ele era bom pra mim. Era carinhoso, gentil e atencioso, mas o tipo de homem instável que eu não queria para o resto da vida se co

A varanda parecia estar mais fria depois que voltei da discussão com Eduardo. Decidi abrir um vinho enquanto folheava as páginas de um novo processo, mas a minha mente vagava por outro lugar... “Quem era esse Thomas que misteriosamente apareceu na minha vida, do absoluto nada?”. A noite com Louise era tudo o que eu precisava. Enquanto eu lia o processo, ela me enviou uma mensagem avisando que estava chegando com uma pizza e, apesar de não estar com fome, era uma ótima oportunidade de sentar com ela para contar o meu dia. Terminamos a garrafa de vinho tentando decidir qual parte tinha sido mais louca, o quase atropelamento, o bonitão rico aparecendo do nada ou o Eduardo também aparecendo do nada. Não chegamos a uma conclusão, acho que já não estávamos sóbrias o suficiente. A semana passou muito rápido e como prometido eu me enfiei no trabalho. Eduardo também pareceu entender o recado e não me procurou mais, nem Thomas resolveu chegar sorrateiramente no escritório. Na tarde da

O sentimento ao subir o elevador dessa vez foi diferente da primeira… E sim, aquela será a minha vista de hoje em diante. Estou orgulhosa da pessoa que me tornei apesar de tudo o que me aconteceu. A Secretária me levou até o departamento jurídico e, como cheguei um pouco mais cedo, parei para olhar um pouco o ambiente. Era uma sala grande, organizada, com as repartições separadas como cabines, uma maneira legal de manter todos juntos e ao mesmo tempo separados. - Oi… bom dia! Você deve ser a Laura, certo? - Uma voz masculina e gentil interrompeu meus pensamentos. - Ah, oi… Bom dia. Sou eu mesma. - Olhei para o rapaz que acabara de entrar pela porta. Não fui apresentada a equipe, então ainda não conheço ninguém. - Eu me chamo Mateus, sou um dos advogados do D.J., ainda não fomos devidamente apresentados mas já sabíamos sobre você. Seja bem-vinda. - Obrigada, Mateus. É um prazer conhecer você. - Apertei a mão dele em um gesto de amizade. - Você já sabe qual será a sua sala?

- Oi, Thomas. Estava me organizando pra sair… - Laura, é… Me desculpa por hoje mais cedo. Eu não queria que fosse daquele jeito. - Ele estava com um olhar realmente arrependido. - Thomas, tá tudo bem. De verdade. Você não me deve nenhuma explicação. - Falei tentando parecer bem humorada. Duas coisas que eu aprendi na vida foi que “eu não posso depositar expectativas em cima de ninguém” e que “o que os outros fazem diz mais sobre eles, do que sobre mim”. Isso também teve uma grande ajuda das terapias que fiz… - Não, Laura. É sério… Eu ia vir aqui te receber e contar tudo pra você pessoalmente. Mas tivemos um imprevisto e eu precisei entrar naquela reunião com urgência. - Ele parecia aflito, até demais… - Eu já te disse, está tudo bem. Só almoçamos naquele dia, você não tinha nenhuma obrigação de me falar nada e nem deveria. Quem é que sai por aí falando quem é para qualquer pessoa? - Mas você não é qualquer pessoa. - Ele estava se aproximando rápido demais. - Thomas, vamo

A casa estava cheirando a morangos e pão de queijo, meu café da manhã preferido. Quando eu tinha ataques de pânico e ficava mal, Louise e a mãe dela faziam tudo o que eu gostava para me ajudar a me sentir bem. Hoje, depois de muito tempo, ela fez novamente. - Obrigada por isso, Lou. Estou bem melhor agora. - Dei um abraço apertado nela. - Amiga, eu fiquei tão preocupada. Passou um filme na minha cabeça e, te ver daquele jeito… Você tem certeza que está bem? Você não precisa falar agora, se não quiser… Eu e Louise passamos a manhã toda na cozinha, enquanto uma falava a outra mexia em alguma coisa. Foi a maneira que encontramos de colocar tudo pra fora sem necessariamente estarmos uma olhando pra outra. Era uma forma de ser menos doloroso, principalmente pra mim. - Mas essa velha não te deixa em paz, ein?! Esse tempo todo e ela ainda arrumou um jeito de te assombrar. - Louise secava uma tigela e abanava o pano de prato enquanto falava. - Você já pensou como vai ser na segunda?