O Guardião do Silêncio
Três meses.
Paul Evans
Três meses sem ver o sol de verdade, sem pisar no asfalto da rua, sem respirar o ar de casa. O hospital era minha prisão e meu único santuário. Eu não saí para nada. Aaron gerenciava a EvansAut, meu pai lidava com os advogados e com a queda de Jussara (agora detida e enfrentando as acusações). Eu me tornei um fantasma na minha própria vida, uma sombra dedicada àquele quarto gelado.
Eu vivia em um estado de exaustão silenciosa. A poltrona ao lado de Catarina era meu leito; o som do monitor, minha canção de ninar. Os enfermeiros e a Dra. Helena se tornou minha única convivência social, e eu lia cada linha de seus relatórios com a ferocidade de um cientista.
Ela ainda estava em coma. Estável, mas frágil. E o bebê, nosso milagre silencioso, estava forte. Três meses haviam passado, e a vida que eu havia arriscado estava agora se desenvolvendo dentro dela. Eu podia ver a barriga de Catarina mais proeminente, e eu passava horas com a mão a