Capítulo 5 Salvar a família

Capitulo 5

Paul Evans

- Não conseguiu mesmo falar desmarcar o jantar? - Meu melhor amigo entrou na minha sala que ficava na empresa do meu pai e já me fazia a pergunta do século.

- Não... já estou há horas tentando achar uma desculpa plausível para não ir a esse jantar, mas não consigo pensar nada... - Deixo o documento que estava analisando na minha mesa e olha para o meu amigo. - Parece que o Senhor Smith está empenhado em me casar com a sua filha. Já estão fazendo planos e acredito que até a data já deve estar sendo discutida.

- Isso é um saco! – Bernardo fala rindo. – Pra quê esse desespero todo? Catarina não é uma mulher que precisa de ajuda para se casar, longe disso. - Bernardo puxa uma poltrona e senta na minha frente. – Sua noiva é uma gata!

Aquele comentário me irritou profundamente.

- Vá se ferrar Bernardo! Senhor Smith quer a minha empresa, não vê isso? Ele quer colocar as mãos nos bens da nossa família de qualquer jeito! Ele sempre viu potencial nessa empresa, mas nunca fomos um problema real para ele, agora ele tem tudo para ter o seu maior concorrente no país. E o pior, ele está firme nesse negócio, nem que tenha que sacrificar a sua única filha mulher. - Bernardo faz cara de nojo. - Isso que me assusta, como um pai concorda com isso?

- Realmente é um sacrifício, pois você é um monstro que não quer se casar com uma mulher linda como Catarina. E eu tenho certeza que vai fazer a vida da menina indefesa um verdadeiro inferno. - Bernardo me olha como se eu fosse culpado.

Sendo que não fui eu que pediu essa situação.

- Para começo de conversa, nunca quis esse casamento, aliás, eu queria me casar com a Tereza. – Digo sendo enfático. - Estão me empurrando para algo que nunca desejei, concordei ou cogitei. Meus pais sabem, você sabe, a única que não faz ideia é a Catarina Smith. Ela sim é inocente nessa história toda. A menina não faz ideia que eu nunca vou poder corresponder a qualquer sentimento que venha nascer dessa loucura, Bernardo. E que esse casamento tem data de validade para expirar, pois vou seguir o seu conselho. Vou levantar essa empresa com o dinheiro dos Smith e depois eu vou me separar. Esse é o plano, não vou ficar casado por muito tempo com Catarina. - Bernardo me fita em silêncio.

- Vai ter coragem? Vai mesmo se casar somente pelos negócios? Eu sei que sou podre a esse ponto. Não presto, não sou um santo e não tenho a imagem de bom moço a zelar. – Diz se recostando na cadeira. – Você sempre faz o que seus pais querem, Paul. Está difícil de imaginar sendo esse homem mal que acabou de descrever para mim. – Ele diz sem culpa.

- Mesmo me sentindo um crápula, sim, eu vou ter coragem. – Bernardo faz cara de pouco caso.

- Então vamos ver... – Eu o interrompi.

- Meu pai ficou falando o tempo todo no quanto era importante eu aceitar logo as condições que o patriarca da família Smith sobre a fusão das empresas. - Mostro os papéis que estava analisando. -Senhor Smith está até fazendo uma proposta vantajosa, ele quase não ganha nada além de ter controle sobre a minha vida. – Digo com mais rancor que eu queria. - Vou ser o vice presidente ao lado do Caio, a nossa empresa vai ir longe após essa fusão.

- E porque não aceitou ainda essa proposta? – olhou para ele.

- Porque tenho que me casar, ter herdeiros e depois de tudo, ainda assim quero me separar, como eu vou fazer?

- Achando um advogado bom! – Ele aponta para si mesmo. -Quer ficar sem nada? – Me pergunta sendo direto. – Vai conseguir dormir sabendo que sua mãe e sua irmã vão estar no olho da rua em breve? Que a sua irmã de 15 anos cai para se casar.

- Não seja dramático...

- Estou sendo realista, Paul. – Diz sério pela primeira vez. - Você ainda não entendeu que no nosso meio essa história de casamento por amor não acontece. Raras são as exceções, meu amigo. Me fala um casal que esteja em nosso meio que realmente tenha se casado por amor. Não aqueles que fingem que tem um amor maravilhoso, não esses. Eu quero que você me fale com convicção um casal que esteja junto por amor na alta sociedade.

- Os Smith... – Sei pouco, mas o amor que eles emanam é verdadeiro.

- Eles casaram por contrato. – Não consigo esconder a surpresa.

- Eu não tenho muita escolha em não me casar, Bernardo.

- Mas tem escolha em não ser um babaca, Paul. Eu sou um babaca, mas somente transo com quem está disponível, nunca enganaria alguém somente para tirar proveito. Sou honesto e digo que nunca deve esperar mais de mim.

- Vou ser honesto com ela. – Bernardo me olha desacreditado. – Quando estivermos casados, eu vou falar para não esperar mais de mim.

- Primeiro vai garantir o casamento, depois vai dar a faca.

- Não sou eu que está querendo esse casamento, estou dançando conforme a música.

Podia estar falando isso para ele, mas eu tinha um sentimento dentro de mim que algo estava errado, eu sentia que algo não batia, mas eu ainda não tinha como negar esse casamento.

Parecia que eu estava traindo a Tereza com outra mulher, e isso me matava por dentro.

- Okay, depois vai colocar a culpa no seu pai. – Diz com desdém.

Jogue uma pasta em minha mesa.

- O que você descobriu, meu amigo, tudo que meu pai anda falando a verdade, não é? - Bernardo suspirou profundamente.

- Então meu amigo, nesse caso seu pai não está mentindo, vocês estão à beira da falência. Eu tinha pouco tempo para pesquisar do porquê de ele ter chegado a esse estado, mas para eu saber exatamente o que está acontecendo com a empresa, eu preciso de tempo.

- Não precisa ser um gênio, meu pai parou no tempo, Bernardo.

- O seu pai está perto de declarar falência e mandar muitas pessoas embora simplesmente por não poder pagar a salário do mês. Para ser mais claro e objetivo, seu pai tem menos de um mês para quitar as suas dívidas, se não, vocês não terão nem onde morar no final do mês. - Aquela notícia me pegou de jeito!

Eu sinto o impacto das palavras do meu amigo ecoando na minha cabeça, eu chego a encostar as minhas costas na cadeira com tal afirmação.

- Você não faz ideia do que ele fez para perder tanto dinheiro assim? Não éramos bilionários com a família Smith, mas tínhamos uma situação muito boa, um capital de giro excelente, uma empresa que tinha um potencial grande para brigar de igual para igual com os maiores do meio. - Bernardo retira até a sua gravata de tão incomodado que ele está.

- Eu não faço ideia, meu amigo. Não sei o que o seu pai fez com a empresa, eu tenho certeza que seu avô estivesse vivo, ele teria morrido de desgosto com toda a certeza! Essa empresa era da sua mãe, seu pai ficou tomando conta, mas ele é um bom empresário, eu realmente não sei onde ele se perdeu.

- Se você não sabe, imagina eu... - Digo sentindo o peso dos problemas que estão se acumulando em minha vida. - Não tem como trabalhar para tentar reerguer a empresa?

Bernardo abre o envelope, e me mostra a dívida astronômica que o meu pai tem com o banco.

- Que loucura! - Digo vendo que estou em um beco sem saída. - O que eu vou fazer? - Pergunto para o meu amigo que tinha a mesma cara que a minha, incredulidade e pavor.

- Sinceramente, eu iria me casar pra ontem com a herdeira da família Smith. Pegaria de doido nesse jantar, do noivo mais feliz do mundo! Faria essa menina querer se casar comigo amanhã mesmo, pois sabemos muito bem que ela só vai se casar se quiser. Catarina Smith é a princesinha da família, o pai dela só está cogitando essa possibilidade por causa do lucro e do porte que a sua empresa tem. Por mais que atualmente ela esteja afundando em dívidas, o maquinário e toda a infraestrutura que abrange todo o seu negócio é muito para deixar passar dessa forma. Seu futuro sogro tem uma visão boa para os negócios, te garanto que em três meses ele transforma a sua empresa em algo no patamar da sua própria empresa. - Eu sabia que tudo que Bernardo falava era verdade.

A minha tese na faculdade foram os negócios da família Smith que movimentaram a economia do país, o Senhor Smith não era bilionário à toa. O homem sabia aproveitar a oportunidade certa no momento certo, então se ele deseja ter a nossa empresa, ele vai querer de qualquer jeito.

- Ele pode comprar empresa depois que o banco tomar... - Não era uma pergunta, era uma constatação.

- Exatamente, ele ainda está tentando fazer um negócio viável para sua família. O senhor Smith poderia muito bem deixar vocês falirem, o banco tomar toda a infraestrutura que tem a sua empresa e comprar preço de banana. No entanto, ele quer esse casamento, ele quer unir a filha dele com uma família importante no meio.

- Quando ele souber que eu sou um idiota... - Digo me lembrando que a minha mãe e irmã precisa de mim nesse momento.

- Ele não precisa saber que você não acredita no amor, que você é igual a uma pedra de gelo em relação aos seus sentimentos. Você parece surdo quando tentamos te mostrar o lado bom da vida. - Minha vontade era de quebrar a cara do meu amigo, mas ele não mentiu em nada do que falou.

- Essa mulher vai me odiar quando ver que eu não posso corresponder a ela. – Era tantas incertezas.

- Paul Evans, você no momento não tem muita escolha, meu amigo. Ou você aceita a proposta da família do seu inimigo nos negócios, ou ele vai comprar tudo que a sua mãe deixou para você antes de morrer.

Ainda tinha isso...

A empresa na verdade era da minha mãe, meu avô tinha pensamentos muito arcaicos sobre quem poderia administrar a empresa. Ele nunca deixou que a minha mãe tomasse conta do seu empreendimento.

Então ele encontrou meu pai em algum buraco no mundo com um capital para investir na empresa.

Meus pais logo se casaram e meu pai continuou seu legado e o legado da minha mãe.

Já que a minha mãe não tinha um irmão para assumir a empresa, meu pai ficou com a parte dela sem problemas e sem questionar.

Quando a minha mãe morreu, a parte da empresa foi para o meu nome, mas o meu pai nunca falou de fato quando ele vai passar o bastão para mim, e sinceramente eu acredito que esse dia nunca vai chegar.

- Eu posso colocar uma cláusula em um contrato, é somente casar com a Catarina Smith se meu pai me der a presidência do Evans Car. - Bernardo pula no lugar e me olha como se fosse um gênio falando na sua frente.

- Isso meu amigo, assim você pode cuidar da empresa da sua mãe e aproveitar o conhecimento do seu sogro para crescer e ser igual ao melhor que ele.

Será que eu tenho capacidade para tanto?

- Não é algo audacioso demais? - Ainda me sentia pequeno nesse mundo automotivo.

- Ou é isso ou daqui a um mês você vai declarar a falência. Vai perder tudo e a sua madrasta e irmã não terá onde morar... Querendo ou não, verdade ou mentira, você é meu amigo, e que está com um problema muito grande nas mãos..

- Vou ter que fazer acontecer esse casamento, então...

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