A verdade não mora mais aqui
Catarina Smith
Subimos pelo elevador no silêncio que sucede uma confissão, aquele tipo de quietude onde cada um está pesando as palavras que foram ditas. Paul estava tenso; eu, estava ardendo em franqueza. Não havia como voltar atrás.
Assim que a porta se fechou no hall impecável – mármore, luz fria, tudo que o dinheiro dele podia comprar – eu senti o arrepio de sempre. Aquele lugar era lindo e, ao mesmo tempo, estéril. Olhei para a vasta sala de estar, para a vista que parecia zombar da minha vida interior. Este era o palco da minha solidão.
Paul tirou o casaco, a voz baixa, cautelosa.
— Você está bem?
Balancei a cabeça, o meu casaco ainda apertado contra o corpo como se fosse uma armadura. Andei até a janela, vendo a cidade vibrar lá embaixo, uma vida que eu sentia que nunca me alcançava aqui.
— Não. Eu não estou bem, Paul. E eu não estive bem por muito tempo neste lugar.
Ele parou, as mãos nos bolsos, absorvendo. Ele sabia que a minha vez de e