Entre a Chuva e o Fogo
O salto de Eloise ecoava pelo corredor até o elevador. O vestido em tom neutro, de corte elegante, moldava sua silhueta com sobriedade, sem exageros. O salto médio dava-lhe postura firme, os cabelos soltos em ondas e o batom discreto completavam a imagem da secretária impecável — embora o coração batesse mais rápido do que queria admitir.
Na mesa, como de costume, mergulhou na rotina: abriu a agenda de couro, revisou compromissos, respondeu e-mails e encaminhou relatórios. Cada detalhe cumprido com precisão, como se a disciplina fosse um escudo contra o caos que rondava por dentro.
Às 8h em ponto, o elevador soou. As portas se abriram, e Augusto Monteiro surgiu.
Imponente.
O terno alinhado, a gravata sóbria, cada movimento emanando autoridade. Um homem que carregava poder no andar e fazia qualquer olhar feminino se perder.
Mas, para Eloise, algo estava diferente.
Não havia celular em suas mãos. Apenas um copo de plástico, que tilintava com cubos de gelo.
Ele pa