A segunda-feira chegou sem pedir licença.
O céu ainda carregava o cinza da madrugada quando Sofia entrou na delegacia. O cansaço do fim de semana ainda pesava nos ombros, mas havia algo diferente no ar. Um silêncio mais denso. Expectativa.
Na sala de Thomas, as luzes estavam acesas desde cedo.
Ele estava de pé, diante do quadro branco, analisando mapas e relatórios quando Sofia entrou. Os dois trocaram apenas um aceno discreto — automático, profissional — e começaram a trabalhar.
Durante quase o dia todo falaram apenas o necessário.
Dados. Rotas. Horários. Padrões.
Até que Thomas quebrou o silêncio.
— Sobre ontem… — começou, sem encará-la de imediato.
Sofia ergueu os olhos devagar.
— O hospital?
— Não. — ele respondeu. — Sobre você.
Ela ficou imóvel, a caneta suspensa no ar.
Thomas respirou fundo e finalmente se virou para ela.
— Eu vi você com o Enzo.
Sofia sentiu o coração bater mais forte, mas manteve o rosto neutro.
— E…? — perguntou com calma.
—