O silêncio na delegacia não era calmo.
Era denso.
Carregado.
Sofia permanecia em frente aos monitores, imóvel, os braços cruzados com força sobre o próprio corpo. A operação havia terminado, mas o eco dos disparos ainda parecia vibrar no ar. O café ao lado dela estava intocado havia horas.
Quando as imagens começaram a mostrar o interior do contêiner, o estômago de Sofia revirou.
Meninas.
Muito novas.
Algumas chorando em silêncio.
Outras paralisadas, olhando para lugar nenhum.
Uma delas estava caída, o sangue manchando a roupa clara.
— Meu Deus… — Sofia murmurou, levando a mão à boca.
Não era teoria.
Não era relatório.
Não era papel.
Era real.
Ela sentiu as pernas fraquejarem por um segundo e precisou se apoiar na mesa. Aquilo atravessava qualquer blindagem emocional que ela tivesse construído ao longo dos anos.
— Chama assistência social. Agora. — ordenou, a voz firme apesar dos olhos marejados. — E um psicólogo. Elas não podem sair daqui sem acompan