Plano: Manter-se Vivo
O céu estava pesado.
Cinza.
Baixo.
Como se o próprio clima soubesse que algo estava prestes a estourar.
Thamires saiu da casa devagar, puxando a jaqueta contra o vento frio que cortava a pele.
A varanda rangeu sob seus passos. O cheiro de terra úmida e madeira velha enchia o ar, como memória de algo que já deu errado antes.
Lorenzo estava sentado no degrau.
Cotovelos nos joelhos.
Mãos entrelaçadas.
Olhos perdidos no horizonte seco.
Parecia alguém procurando saída onde não existia nenhuma.
— Precisamos sair daqui agora. — ela disse baixo, a voz tremendo apesar do esforço para parecer firme.
Lorenzo ergueu o olhar, lento, confuso, exausto.
— Por quê?
Thamires deu um passo, depois outro — cada movimento calculado, como se o chão pudesse estalar.
Abaixou a voz até quase virar um sussurro:
— Eles vão matar o pai do Augusto.
Silêncio.
O vento passou entre eles, gelado.
— E depois disso… — ela continuou, engolindo o medo — nós não