Cara a Cara
Augusto não conseguia parar de pensar. As imagens no celular, as lembranças no corredor, as lágrimas de Eloise. Nada o deixava em paz.
De repente, levantou-se da poltrona como se algo o tivesse chamado. No closet, pegou roupas simples — jeans escuro, casaco comum, boné —, um disfarce para apagar a figura do empresário poderoso.
Na garagem, não escolheu nenhum dos carros luxuosos. Passou direto e pegou um modelo discreto, sem brilho, sem placas chamativas. Precisava ser invisível naquela noite.
No caminho, parou em uma lanchonete 24 horas. Pediu uma sacola de doces, algumas bebidas e café. Um gesto simples, mas que carregava a mesma urgência do coração dele.
Minutos depois, estacionava em frente ao prédio de Nathalia. A respiração pesada denunciava o nervosismo, mas ele manteve o olhar fixo no interfone.
Na guarita, o porteiro pegou o telefone e ligou para cima:
— Senhora Nathalia, tem um rapaz aqui pedindo para subir e entregar uma encomenda para a senhora.