O apartamento estava silencioso.
Silêncio de madrugada cansada.
Silêncio de dois corpos que se amam, mas não conseguem se encontrar.
A água do banho de Sofia ainda escorria pelas costas quando ela se enrolou na toalha.
Os cabelos ruivos desciam pesados, úmidos, colando na pele quente.
Ela respirou fundo diante do espelho.
O reflexo não mostrava a Sofia de antes.
Mostrava uma mulher que tinha enfrentado o inferno…
e voltado viva.
Uma mulher que sabia o que queria.
E naquele momento, ela queria Thomas.
Saiu do banheiro devagar.
Pé por pé.
Coração acelerado.
As luzes do apartamento estavam baixas.
A porta do escritório entreaberta.
O som do mundo parecia preso no ar.
Ela empurrou a porta.
Thomas estava de pé, de costas, encarando a cidade pela janela.
O rosto dele refletido no vidro — cansado, tenso, dividido.
O maxilar trincado.
As mãos nos bolsos para não tremer.
Parecia que estava lutando contra algo dentro dele.
Algo grande.
— Thomas… — a voz de Sofia saiu bai