O som do motor preenchia o silêncio artificial da cabine. As conversas esporádicas vinham e iam, mas havia um clima estranho no ar — como se todos tentassem parecer mais relaxados do que realmente estavam.
Cristal mantinha os olhos fixos na janela, vendo apenas nuvens, mas sentindo o peso do olhar de Christopher sobre ela. Era sutil, mas constante. Não havia desejo explícito, nem cobrança… mas ele a estudava, como se tentasse decifrá-la em silêncio.
Elizabeth, percebendo a tensão, se aproximou discretamente, sentando-se ao lado de Cristal quando Raphael se levantou para ir ao banheiro.
— “Tá tudo bem?” — ela sussurrou, olhando em volta antes de encarar a amiga.
Cristal respirou fundo. Seus olhos estavam mais pesados do que gostaria de admitir.
— “Eu tô bem… ou fingindo estar. O que já virou quase a mesma coisa.”
Elizabeth soltou um sorriso sem graça.
— “Essa viagem é mais um teatro do Raphael. Mas vai passar. Só… tenta se poupar.”
Cristal assentiu. Seus olhos voltaram a buscar