[Narrado por Coronel Daniela Vasconcellos]
O silêncio da sala só era quebrado pelo tique-taque do relógio na parede. Mas o que realmente me incomodava era o silêncio do outro lado da linha.
A resposta já tava demorando demais.
Levantei, caminhei até a janela de novo. O pátio seguia sua rotina — soldado marchando, ordens ecoando — mas era tudo coreografia. O verdadeiro conflito tava na sombra.
Meu celular vibrou na mesa.
Número restrito.
Atendi sem falar nada.
A voz do outro lado veio baixa, firme. Mas com aquela hesitação que só aparece quando vem bomba:
— “Coronel... o pedido foi negado.”
Demorei dois segundos pra responder.
Dois segundos em que tudo dentro de mim ferveu.
— “Negado por quem?”
— “Pela cúpula. Disseram que abrir um mandado extraoficial contra o Muralha... compromete acordos em andamento.”
Soltei um riso seco. Quase uma cuspida de desprezo.
— “Acordos.”
A palavra saiu com gosto de ferrugem.
— “Eles acham que estão negociando com quem? Um vereador com CP