Anyelle

Abri os olhos num quarto que não era o meu. Em vez do conforto da minha cama, vi um lugar estranhamente arrumado, quase limpo demais. A luz fraca da janela mal iluminava as paredes bege. Não tinha bagunça, o que era estranho para um lugar de cativeiro. Uma cama de solteiro com lençóis brancos e limpos estava no meio, com um criado-mudo e um abajur apagado ao lado. O ar cheirava a algo que eu não sabia dizer, talvez algum produto de limpeza. O silêncio era quase total, quebrado só por um barulho distante, como um carro na rua.

Me levantei e senti o frio do chão de madeira nos meus pés descalços, me dando um arrepio. Uma porta escondida levava a um banheiro pequeno, mas que dava para usar, com um espelho embaçado. Foi aí que vi o guarda-roupa, pequeno, de madeira escura, e ainda mais estranho, com a porta um pouco aberta. Dentro, tinha roupas dobradas que pareciam ser do meu tamanho. Será que era uma armadilha? Um jeito cruel de me fazer baixar a guarda? Que tipo de sequestrad