O salão privado do restaurante tinha paredes de vidro e cortinas translúcidas que deixavam ver a cidade iluminada.
 O som distante da confraternização no andar de baixo ecoava como um lembrete: o mundo continuava, mas ali dentro o tempo parecia suspenso.
Camila serviu o vinho nas duas taças e sorriu, medindo cada movimento.
 — Às vezes, é bom respirar fora do cargo — disse, oferecendo a taça a Rafael. — Sem atas, sem reuniões, só… pessoas.
Ele aceitou a taça com um gesto contido. — Concordo. Mas, geralmente, quando as pessoas são da empresa, o trabalho segue na mesa.
Ela riu, suave. — Sempre tão impenetrável. É cansativo ser o homem que precisa manter o controle o tempo todo?
Rafael encostou as costas na cadeira. — O controle é o que mantém as coisas de pé, Camila. Quando ele quebra, tudo desaba.
— Às vezes, deixar desabar é o que salva. — disse ela, cruzando as pernas devagar. — Já pensou nisso?
Ele desviou o olhar por um instante, apertando o cálice. — Já. Mas não aqui.
Camila se in