O ar no escritório de Teodoro estava pesado, não apenas pelo aroma de couro antigo e charuto que não era aceso há anos, mas também por uma eletricidade muda de tensão. As persianas de madeira escura estavam entreabertas, filtrando a luz da tarde em luzes douradas que iluminavam as poltronas no canto daquele lugar, quase dançando no silêncio que se instalara. O ambiente, que à muito tempo exalava o aroma de sucesso de um homem de negócios, parecia, naquele momento, um cofre de segredos e planos forçados.
Marta, com a voz embargada por uma mistura de medo contida e profunda preocupação, foi a primeira a quebrar o silêncio, o som de seus sapatos de salto baixo ecoando na madeira polida do piso:
— Eu te disse para não ir atrás deles! — A repreensão, embora firme, era como um fio de seda puxado com força, prestes a se romper. Ela moveu-se do centro do tapete persa, onde a estampa desbotada de medalhões azuis e bordôs parecia absorver a luz, até onde Teodoro estava, de pé junto à imponent