Capítulo – O Quarto Silenciado
Ele sobe silenciosamente pelo corredor sombrio.
A tensão no ar é quase elétrica, como se o próprio prédio estivesse assistindo seus movimentos.
A porta do apartamento 604 está entreaberta.
Jonas empurra devagar. Um rangido. Nada se move lá dentro.
O ar cheira a poeira, vela derretida… e algo que lembra enxofre muito fraco.
Assim que entra, percebe:
As paredes estão cobertas por pôsteres de filmes antigos de terror, todos com personagens olhando diretamente para frente. Nenhum sorri.
No chão da sala, há uma marca circular desenhada com carvão. No centro: uma vela derretida até a base.
Um mural de cortiça com dezenas de nomes escritos à mão, mas vários riscados com tinta vermelha.
E sobre uma mesa, há um caderno fino com capa de couro cinza.
Na capa, uma letra gravada em baixo relevo: C.
O Diário de Camila
Jonas folheia.
"O ritual precisa ser repetido a cada geração.
Se não houver receptáculo, ele escolhe um involuntário.
Nós o prendemos em Jonas por medo.