Narrado por Maitê

É assim que me recordo da última vez que estive ao lado do meu irmão; todos já haviam partido enquanto eu aguardava incansavelmente sua chegada. Nosso pai parecia mais preocupado com os comandos do que comigo, e eu permaneci por horas sobre o túmulo de meu irmão, buscando compreender o porquê.

Dizem que há um Deus acima de nós, mas onde Ele estava quando implorei por vida para meu irmão? Agora, estou aqui, fitando a porta, ansiosa para ouvir tudo que o Cobra tem a me dizer. Não sei se algum dia conseguirei perdoá-lo; as marcas em meu corpo e as feridas em minha alma são profundas demais. Ele tinha a escolha e o poder de mudar tudo, mas suas decisões me arrastaram para o buraco em que me encontro, e nem sei como escapar desse abismo.

A todo momento, desejo gritar e aliviar a dor que se instala em meu peito quando estou sozinha e perdida. Ouvindo um barulho na porta, tento me recompor e enxugo as lágrimas que caíram. O calor insuportável do Rio de Janeiro contrasta co