O ar estava pesado, carregado com o cheiro adocicado do vinho e o perfume dos convidados. As vozes se misturavam em um burburinho contínuo, risadas espalhadas pelo salão de baile, enquanto a música fluía como um encantamento sutil que apenas aprofundava minha repulsa por tudo aquilo. Eu não queria voltar. Não queria enfrentar aquele salão repleto de sorrisos falsos e criaturas que apenas comemoravam minha desgraça.
Mas não havia escolha.
Respirei fundo, tentando me recompor, enquanto meus passos ecoavam pelo longo corredor de mármore negro. O vestido apertava minha pele como uma corrente invisível. O véu escuro ainda repousava sobre meus ombros, o tecido frio lembrando-me da minha própria prisão.
Foi então que, de repente, virei uma esquina e esbarrei com alguém.
O impacto me jogou para trás, e eu perdi o equilíbrio, caindo no chão. Meu coração disparou, mas não pelo tombo. Meu corpo ficou rígido, congelado no instante em que meus olhos pousaram no homem diante de mim.
Meu peito subiu