Kaleo
Desci do palco. O caminho até Layla foi curto e longo ao mesmo tempo. Ela me encontrou no meio. O vermelho do vestido, agora, tinha o tom exato de tudo o que eu protegerei até o último fôlego.
— Você está bem? — perguntei, sem tocar.
— Estou. — O olhar dela não tremeu — E você?
— Melhor do que antes.
— Você quebrou o rosto dele.
— Ele me pediu com educação zero.
— Não precisava.
— Precisava, Layla. Às vezes o mundo só entende quando as palavras quebram osso.
Ela respirou fundo. E, diante de todos, deu um passo para mais perto. As luzes, cúmplices, nos deixaram numa ilha.
— Obrigada. — disse.
— Não precisa.
— Preciso sim.
O quarteto recomeçou. Vivaldi, ironicamente. Eu a conduzi para fora da ilha de olhares, até um corredor menos iluminado. Levei a mão ao rosto dela, limpando com o polegar um fio de brilho que não era lágrima, era raiva abandonando a pele.
— Acabou? — perguntou.
— Hoje, sim. Amanhã começa de novo.
— E você?
— Eu recomeço todos os dias.
Ela assentiu, pequena e ind