Layla

Eu não sabia mais em quem acreditar. Eu só sabia que tudo que deveria ser claro estava enevoado, e tudo que deveria ser evitado tinha meu nome escrito.

Cheguei em casa com o coração barulhento. Fechei as três fechaduras e encostei na porta. O silêncio deu risada.

— Parabéns. — falei para o nada — Vocês dois ganharam.

E eu, no meio, perdi alguma coisa que ainda não sei dizer.

Eu fiz o que qualquer pessoa sensata faria… tomei banho, vesti um moletom grande e preparei um chá que prometia calma no rótulo. A água ferveu, a chaleira apitou, eu despejei esperança na caneca. Sentei no chão da sala encostada no sofá, como quem reinicia a si mesma, e esperei a temperatura do coração baixar.

A mente, mal-educada, apertou o replay. Bart no jantar, doce até machucar os dentes. O celular vibrando como segundo coração. Soraya surgindo sem ser chamada, tocando meu colar. O olhar que os dois trocaram, rápido, nada que um juiz sentencie, mas suficiente para um júri íntimo levantar a sobrancelha.