Kaleo
O mundo tem ironias que até o diabo acharia exagero. Eu sentado no carro esportivo mais caro da minha coleção, vigiando um rato barato e a amante de terceira categoria dele.
Bart. O príncipe de porcelana que a Layla insiste em chamar de namorado. O santo que sorri em público e fecha as mãos quando ninguém olha. Eu já sabia que havia algo errado, sempre soube. Adrian também sabia. Meu irmão desconfiava dele muito antes de o acidente nos roubar qualquer chance de provar.
Agora, anos depois, o destino resolveu me dar a cena de bandeja.
Do banco do meu carro, vi Bart estacionar em frente a um hotel discreto. Nada de cinco estrelas, nada de sofisticação. Apenas paredes anônimas, perfeitas para esconder o pecado.
Do lado dele, Soraya, com aquele salto que ecoava feito confissão. Ela riu alto, jogou os cabelos para trás e o puxou pelo braço como quem não teme ser vista. Entraram juntos.
Eu ri sozinho, mordendo o filtro do charuto sem acender.
— Bravo, Bart. A máscara até que dura bast