Kaleo
Existem várias formas de destruir uma mulher. Eu já experimentei quase todas. Com Layla, nenhuma funciona. O veneno perde o efeito. O fogo me queima antes. Restou-me o truque mais simples de todos: mostrar para ela o que está diante dos olhos e ela se recusa a ver.
Por isso, naquela noite, ela estava no banco do passageiro do meu carro, braços cruzados, olhar de fúria e silêncio pesado.
— Eu devia estar em casa. — ela disse, finalmente — Não presa nesse circo que você inventou.
— Circo não. Espetáculo. — corrigi, sorrindo de lado — E você tem lugar reservado na primeira fila, diabinha.
— Não me chama assim.
— Então me dá outro nome. — Olhei rápido para ela — Um que combine com o jeito que você gemeu quando…
— Cala a boca! — ela explodiu, corando, e voltou o rosto para a janela.
Ah, como eu gosto quando ela sangra entre raiva e desejo.
Estacionei na lateral discreta de um restaurante sofisticado. Janelas largas, cortinas pesadas, os ricos do bairro jogando dinheiro e hipocrisia n