Esse urso gigante carente? Ai, meu Deus! É muito para a minha cabeça.
Penso em Leandro. Agora eu o imagino bebendo em algum bar, ou talvez em casa, na fossa. Não deve estar sendo fácil a perda do parceiro e amigo. Desde que entrei para o BOPE, pude ver como Leandro e Heitor eram próximos. Eram mais do que colegas de farda, eram irmãos, confidentes.
Ligo para ele. Escuto o som de quatro toques antes que atenda.
— Alô. — A voz dele está rouca, carregada de cansaço.
— Oi.
— Isabela?
— Você está bem?
— Tirei um cochilo... que horas são?
— Nove horas.
O silêncio que se segue só é interrompido pela respiração pesada dele.
— É bom te ouvir.
— Você pediu para eu ligar.
Ouço um barulho de cama rangendo, como se ele estivesse se sentando.
— E se eu não pedisse, você me ligaria?
— Sim. Para saber como você está.
— O que posso dizer? Perdi um grande amigo, e a mulher que eu amo está se arriscando, longe de mim. Como você acha que estou me sentindo?
Fecho os olhos por um instante, sentindo o peso do que ele diz.
— Eu sei... Logo, logo, tudo vai se resolver. — Digo,