E então, pela primeira vez em muito tempo, Dante Ferreira dorme tranquilo.
Ele fecha os olhos e solta um longo suspiro, como se aquelas palavras fossem a única coisa capaz de acalmá-lo. E eu? Fico ali, observando-o, tentando controlar o caos dentro de mim. Porque sei que não há mais volta. Eu amo Dante Ferreira. E estou completamente, irremediavelmente perdida.
Respiro fundo e me afasto devagar. Meu coração martela no peito enquanto observo Dante ali, vulnerável, entregue a um cansaço que ele nunca admitiria sentir.
— Eu vou buscar seus remédios — digo, me forçando a manter a voz firme.
Ele ergue os olhos para mim, sua expressão nublada pelo torpor da febre. Seus lábios se abrem como se fosse protestar, mas ele apenas solta o ar devagar, aceitando minha decisão sem discutir.
Pego minha bolsa e a receita, lançando um último olhar para ele antes de sair do apartamento. A noite lá fora está abafada, o calor grudando na pele enquanto caminho com passos rápidos até a farmácia mais próxima. Cada sombra na rua parece se alongar mais do que o necessário, e a adrenal