Leandro saiu com o carro do estacionamento e só então Marília se deu conta de algo. Se virou para ele:— E o hospital? Isso conta como falta, né? Você vai ser punido?Leandro olhava para a frente, calmo, e respondeu sem pressa:— Se eu voltar antes das duas, está tudo certo.Marília deu uma olhada no celular, que também tinha se molhado. Felizmente ainda funcionava, não tinha apagado.Passava pouco do meio-dia, era exatamente a hora do almoço. Não seria considerado falta.Ela finalmente respirou aliviada....Depois que Leandro estacionou o carro no condomínio, ele subiu carregando Marília no colo.Marília olhava para o contorno do maxilar dele, tão bonito, e o coração parecia ter enlouquecido, batendo em todas as direções. Seu rosto ficou levemente corado.Assim que entraram no apartamento, Leandro a levou direto para o quarto e a colocou no banheiro. Marília, sem querer sujar o chão do lado de fora, murmurou:— Você pode pegar uma roupa pra mim? Está no guarda-roupa.Leandro assentiu
Marília ainda estava um pouco tonta enquanto comia. De vez em quando, levantava os olhos para olhar o homem ao lado. Tinha a sensação de que Leandro, hoje, estava... mais afetuoso.Quando Leandro olhou para ela, Marília rapidamente abaixou os olhos e continuou a comer. O rosto da garota estava completamente vermelho, como se estivesse em chamas.Leandro a observou por um momento, franzindo ligeiramente as sobrancelhas:— O que aconteceu com seu rosto?Marília levantou a cabeça, confusa. — O que tem?— O lado esquerdo está estranho.Marília ficou paralisada por um instante. Então levou a mão à bochecha. Sem tocar, não sentia nada; ao pressionar com os dedos, porém, percebeu uma leve dor, evidência da marca deixada por Leovigildo.Ela havia coberto a marca com corretivo antes de sair para o trabalho.Mas, depois de ter sido pega pela chuva e de tomar banho ao chegar em casa, estava com o rosto limpo, sem maquiagem, o que realçava sua pele clara e fez com que Leandro percebesse.Olhando
Antes que Marília pudesse fazer a pergunta, Leandro já vinha em sua direção:— Comprei o remédio. Vou passar um pouco, espere só um instante.Leandro deixou o remédio de lado, foi lavar as mãos e, ao voltar, se sentou ao lado de Marília com a pomada nas mãos.Marília apenas o encarava, atônita.Quando os dedos do homem tocaram sua bochecha e a pomada fresca começou a ser espalhada sob seu toque, Marília olhou para o rosto dele. Apesar da expressão fria, seus movimentos eram hábeis e gentis. A luz suave suavizava o ar severo de seu rosto, e Marília, de repente, sentiu dificuldade para respirar, se encolhendo instintivamente.— Está se esquivando de quê? Dói?Marília balançou a cabeça rapidamente.— Não dói. Na verdade... eu mesma poderia fazer isso sozinha."Ele não tem que ir trabalhar ainda?"Leandro lhe entregou a pomada e disse com um tom cuidadoso:— A chuva lá fora está forte demais. Tire meio expediente de folga e fique em casa para descansar.Ao ouvir ele dizer "em casa", o cora
Marília sempre fora bonita desde pequena, chamando atenção onde quer que fosse. Quando apareceu vestida com um vestido de gala verde-claro estampado com borboletas de bambu, o barulho na sala privativa cessou de repente. Todos se reuniram ao seu redor, cheios de elogios. Marília olhou ao redor, mas não viu a pessoa que queria encontrar. Alguém percebeu seu olhar e brincou: — Está procurando o Anselmo? — Marília nem teve tempo de negar, e a pessoa continuou. — O Anselmo com certeza está preparando uma surpresa para você agora! — Surpresa? — Perguntou Marília, confusa. A outra pessoa respondeu com um olhar misterioso: — Você realmente ainda não sabe? Olhando para o rosto de Marília, brilhante e refinado, e para o vestido de gala que parecia ganhar vida com sua presença, todos sentiam uma admiração que aquecia o coração. A beleza dela era de uma sofisticação e harmonia quase poéticas. Apesar de uma pontada de inveja no fundo, todos mantinham uma expressão amigável. — Ac
No bar. Leandro olhou para o relógio. Já estava na hora. Ele se levantou, pronto para ir embora. Diógenes Lima ficou surpreso: — São só nove horas, já vai embora tão cedo? — Não tem mais graça. — Como assim não tem mais graça? Olha quantas mulheres bonitas! Isso aqui não é muito melhor do que fazer plantão no hospital? — Diógenes se levantou e passou o braço pelo ombro de Leandro, apontando para os jovens que dançavam colados na pista de dança. — Olha só como eles estão se divertindo. Você não sente nem um pouco de inveja? Leandro nem levantou as pálpebras. Apenas lançou um olhar frio para o braço que repousava sobre seu ombro e respondeu, com indiferença: — Tira a mão. O olhar inexpressivo de Leandro deixou Diógenes ligeiramente assustado, mas ele sabia que não tinha escolha. Leandro era o rosto mais atraente do departamento deles. Se não fosse por ele ter trazido Leandro hoje, eles jamais conseguiriam pegar o número de WhatsApp das garotas. Diógenes imediatamente
— Não ache que só porque eu te chamei de tio, você é realmente meu tio. Não se meta nos meus assuntos! Marília saiu da banheira com dificuldade. Será que ela estava maluca? Por que tinha vindo ao hotel com ele? Ela sabia muito bem que ele nunca fora sido amigável com ela. — Você vai sair assim? A voz do homem soou às suas costas, carregada de um tom indecifrável. Marília parou de repente, prestes a abrir a porta, e olhou para si mesma. Seu corpo estava completamente molhado, e o tecido fino do vestido de noite de verão estava grudado à sua pele, desconfortável e revelador. Até mesmo os adesivos de seios estavam desalinhados, deixando algo bastante chamativo à vista. Não havia como sair daquele jeito. Apertando a maçaneta da porta com mais força, Marília usou uma mão para cobrir o peito e abriu a porta. Ela não saiu. Com frieza, ordenou que ele fosse embora: — Saia. Quero descansar aqui! Leandro tirou um cigarro e um isqueiro do bolso. Acendeu o cigarro e deu uma t
Leandro disse que a esperaria do lado de fora. Marília terminou o banho, trocou de roupa e ficou enrolando até as dez horas. Ao seu redor, não havia som algum, nem ninguém que viesse bater à porta para apressá-la. "Ele deve ter ido embora", pensou. Marília foi até a porta do quarto, segurou a maçaneta, respirou fundo e a girou lentamente. Ao ver que não havia ninguém lá fora, soltou um longo suspiro de alívio. Quando estava prestes a sair, um fio de fumaça chegou até ela. Virou a cabeça e encontrou diretamente o olhar profundo e sombrio do homem. Leandro apagou o cigarro que segurava. — Vamos tomar café da manhã. Ele foi o primeiro a sair andando. Marília abriu a boca, sem saber o que dizer, e acabou apenas o seguindo com certa relutância. O restaurante ficava no térreo. Depois de se sentarem, o garçom trouxe o cardápio. Marília pediu dois pratos aleatórios e devolveu o menu. Sua bolsa não estava no quarto. Sem o celular para passar o tempo, só lhe restava mex
Marília observou Esperança sair da cafeteria. As lágrimas escorreram por seu rosto. Ela permaneceu sentada por um tempo antes de chamar o garçom para pedir a conta e sair. ... Ao descer do táxi, o celular de Marília tocou. Era um número desconhecido, sem identificação. Sentindo uma leve dor de cabeça e sem paciência para atender, ela simplesmente rejeitou a chamada. Assim que guardou o celular de volta na bolsa, ele tocou novamente. O mesmo número. Marília, já incomodada, atendeu. Quando estava prestes a falar algo, ouviu do outro lado uma voz agressiva: — Marília, foi você que pediu para Esperança terminar comigo? Anselmo raramente falava com ela de forma tão rude. Naquela manhã, pela mensagem que ele enviou, Marília conseguia perceber o quanto ele estava preocupado com ela. Mas agora, ele estava furioso. Por causa de Esperança. Uma dor surda atravessou o coração de Marília. Ela parou na entrada do condomínio e fechou os olhos: — Anselmo, espero que você e