Mundo de ficçãoIniciar sessãoA noite se instalou lentamente, quase com compaixão. Eu estava sentada à beira da banheira, com os pés frios sobre o azulejo.
Ouvia, de vez em quando, passos no corredor, seguidos por gritos ansiosos e perguntas, passando por números desconhecidos que insistiam em invadir meu silêncio.Às dez, começaram as transmissões ao vivo: analistas, especialistas e moralistas com sorrisos gastos, prontos para opinar, exceto sobre o que poderia, de fato, me fazer sentir humana.Tentei me projetar para o dia seguinte: acordar, vestir aquele moletom surrado que já se moldou ao meu corpo pelo uso constante, pegar as chaves e descer para buscar pão fresco, embalando-me no aroma quentinho que permeia as ruas pela manhã. Lembrei-me dos olhares cautelosos que se voltavam para mim e dos olhos inocentes dos meus filhos.Nesse instante, um tremor percorreu meu corpo, causado não por mim, mas por eles.Cada manchete que leio agora se tornará um peso sobre os ombros deles, pesa






