O apartamento estava mergulhado em um silêncio que feria, como se o ar ao redor estivesse pesado com palavras não ditas e ressentimentos não resolvidos.
A porta ainda vibrava com o impacto da saída de Lilibet, e o eco dos saltos dela parecia zombar do vazio que ficara, ressoando em um espaço que antes era habitado por risadas e sonhos.
Cada batida, cada som que se afastava, era como um estalo dentro do peito de Clarice — uma mãe que há muito deixara de ser mãe, e agora se transformava em algo muito mais perigoso, uma sombra de si mesma, moldada pela dor e pela traição.
Ficou parada no meio da sala, os olhos fixos no espaço que antes a filha ocupara, onde pilhas de livros e brinquedos esquecidos agora pareciam assombrar a memória.
A respiração vinha pesada, o coração pulsava num ritmo doentio, alimentado por algo mais denso que tristeza — ódio, ferido e antigo, como uma cicatriz que nunca sararia.
Devagar, caminhou até o espelho pendurado na pa