Ela sorriu — e o sorriso era duro, mais cortante que vidro, como uma armadilha que guardou pacientemente como prevenção contra sua presa.
A mão de Clarice foi sozinha até a caixa de veludo, onde repousavam a história e as armas físicas e emocionais que a definiram.
Abriu-a com uma paciência quase ritualística, como se quisesse adentrar um santuário de segredos.
Dentro da caixa, fotos amareladas e recortes de jornal desbotados pelo tempo rememoravam vidas passadas, enquanto um anel de pedra negra brilhava como uma promessa esquecida.
Do fundo, Clarice retirou uma caderneta fina onde Lilibet anotava minuciosamente contatos: números, nomes, endereços, alcunhas de clientes cujas vidas se entrelaçavam de forma obscura e sutil.
O papel amarelado tremulou em suas mãos, como se fosse uma carta de convite para um baile de máscaras onde a verdade não tinha lugar.
Clarice apoiou o caderno no colo e, sozinha, riu, uma risada sem alegria que ecoou nas pare