Mundo ficciónIniciar sesiónLilibet — o corredor, a nota e a queda
A campainha tocou três vezes seguidas, uma sequência que eu reconhecia bem, especialmente nas horas mortas da madrugada, quando clientes confundiam meu espaço sagrado com um simples ponto comercial. Aqueles toques insistentes provocavam um nó na minha garganta, uma lembrança de que, mesmo em casa, eu estava sempre em exibição. O eco daquela campainha me ultrapassava, ressoando em meu peito como uma sirene. Mas eu não abri a porta. Fazia o que sempre fiz quando a presença alheia se tornava um intruso: sentei no chão da sala, onde o conforto se misturava à solidão, e tentei respirar, cada expiração um esforço consciente, até que meu corpo finalmente reconhecesse que, mesmo dentro de todo aquele caos, ainda estava aqui, respirando, insistindo em existir.O telefone tocou de novo, quebrando o silêncio que eu tentava em vão estabelecer. Outro morador das redações, um repórter que provavelmente nem sabia como era meu






