Tio Richard pegou o celular com a calma fria de quem estava acostumado a agir em situações de emergência. Eu ainda estava com a boca latejando, o gosto metálico do sangue misturado com a dor do aparelho que tinha rasgado meu lábio por dentro. Ele me fez sentar na poltrona, ajeitou a luz da luminária e disse:
— Fique quietinha, Eve. Isso precisa ser registrado.
Antes mesmo que eu pudesse protestar, ele inclinou meu rosto com delicadeza, clicando uma sequência de fotos. Cada detalhe: a marca vermelha da mão no meu rosto, o inchaço começando a se formar, o corte sangrando no canto da boca. Em seguida, fotografou meus óculos caídos no chão, a haste torta como prova do impacto. Por fim, ergueu meu braço e revelou o roxo que já se espalhava no local onde Lilibeth tinha me empurrado contra a porta.
Meu pai, pálido, tremia de raiva e dor, com a mão no peito. Mas dessa vez não disse nada. Deixou que Richard assumisse o comando.
O advogado abriu o viva-voz e discou. Do outro lado da linha, uma