Presente Indesejado nº 2

Cinco da tarde. O expediente acabava, Ava estava cansada, com a coluna gritando e o pé latejando ainda do corte do vidro. Mas aliviada porque tinha conseguido adiantar o serviço e planejava mergulhar nos estudos à noite.

Foi então que a voz soou atrás dela:

— Entrega para a senhorita Ava Rocha de Lemos.

Ela fechou os olhos e mordeu os lábios, já prevendo.

— Ai, meu Deus, não… outra vez, não.

Virou-se e deu de cara com o entregador, segurando uma caixa luxuosa envolta em papel dourado e um arranjo enorme de rosas vermelhas misturadas com antúrios escarlates. O buquê era tão chamativo que parecia uma piada de mau gosto. Os antúrios, grandes e abertos, lembravam sem vergonha uma genitália feminina.

Ava arqueou as sobrancelhas.

— Ah, pronto. Agora além de querer me enfeitar como coelhinha de cabaré, o desgraçado resolveu me mandar flores em formato de periquita. É muita audácia!

O entregador