Adam ficou imóvel por alguns segundos, como se o ar estivesse congelado dentro dos pulmões. Ele apertava as mãos contra a mesa, tentando processar cada palavra dita pela mãe.
Adam ajeitou-se na cadeira, ainda confuso com tudo o que estava ouvindo.— Então,quer dizer que depois que eu nasci, o papai não lhe procurou mais?Clarence suspirou fundo, mas manteve a voz firme.— Não, meu filho. Ele me procurou, sim, até o dia em que eu o peguei com a Egypte. A partir desse dia, nunca mais tivemos convivência alguma, porque eu não deixei mais que ele entrasse no meu quarto.Adam a fitou, em silêncio, enquanto ela continuava, agora num tom mais pesado:— Você nasceu, mas ele sempre se resguardou. Mandava que eu tomasse anticoncepcional. Dizia que não queria mais filhos, que meu corpo ia ficar feio, que eu ia me deformar e que eu só servia porque era bonita. Fora isso, não, quis ter mais filhos porque não queria colocar crianças no mundo para sofrer o que eu