CAPÍTULO 1

Assim que a porta se fechou atrás de Opal, um eco fantasmagórico pareceu reverberar na sala, como se o próprio ambiente lamentasse a partida da jovem. — Atticus ficou parado por alguns segundos, apenas respirando.

— Respirar para não quebrar a mesa de madeira escura que lhe parecia um símbolo de todo seu controle desmoronando.

— Respirar para não explodir em uma fúria que não apenas era bem-vinda, mas necessária.

A inocência daquela garota ainda pairava no ar da sala, trazendo com ela uma mistura estranha de esperança e desespero, e aquilo… aquilo ele não tolerava.

— Ele se sentiu como um tubarão que farejava sangue, sua moralidade reprimida se contorcendo em seu interior.

— Com um gesto decidido, ele pegou o telefone e discou com a frieza de quem decide destinos.

—A ligação tocou três vezes antes de ser atendida, cada toque pulsando como um chamado do destino, um prenúncio do confronto iminente.

— Alô? — respondeu Mattia, com a voz pastosa e ainda sob efeito do álcool, uma mistura de sono e labaredas de remorso.

— Atticus se encostou na mesa, a mão firme, sentindo a textura fria do metal sob seus dedos, a voz baixa e gelada o tornava ainda mais ameaçador.

— Mattia Stewart, você está fudido.

Silêncio absoluto do outro lado. — Era como se a conexão tivesse se rompido, permitindo que a gravidade do que ele dissera se instalasse entre eles.

— S-senhor Sttorn… eu — a voz de Mattia vacilava, um fio de medo já se infiltrando.

— Cala a boca seu desgraçado!— Atticus interrompeu, sem paciência e rapidamente.

— Vamos começar pelo básico: como é que você teve a coragem… CORAGEM… de mandar uma menina inocente para trabalhar para mim?

Mattia respirou rápido, já começando a tremer, a consciência de seus atos finalmente começou a sussurrar verdades incômodas. —A mente dele se agitava, relembrando cada erro, cada escolha impensada até chegar a esse terrível ponto.

— Ela… sabe trabalhar, senhor. — É responsável, eu prometo — as palavras saíam em um jorros, sem conseguir conter o pânico crescente.

— Você me mandou um cordeiro para a toca dos lobos. — A voz de Atticus era serena, e isso era mil vezes mais aterrorizante do que se ele estivesse gritando. — Cada palavra era uma lâmina afiada, cortante e exata.

— S-senhor… eu… eu precisava quitar a dívida… eu pensei que — sua voz se arrastava, implorando por compreensão, mas Atticus não tinha tempo para concessões.

— Pensou errado. — Atticus continuou, impiedoso. — Eu não aceito lixo de gente.

— Além disso, não tolero que inocentes sejam lançados no meu mundo como moeda de troca, como se suas vidas não valessem nada.

— Isso não é um jogo, Mattia, e você deveria saber disso muito bem.

Mattia engoliu em seco, apavorado, sentindo o peso de cada palavra, como se a gravidade da verdade o estivesse aprisionando, sua mente finalmente abrindo os olhos para a realidade cruel do que havia feito.

— O senhor vai… vai aceitar o trabalho dela, não vai? — ele perguntou, a voz trêmula, ansiando por um mínimo de misericórdia.

— A pergunta, embora simples, carregava o peso de suas esperanças de redenção.

— Mattia sabia que a situação era desesperadora; cada palavra que saía de sua boca era como um fio de uma teia de aranha, prestes a se romper sob a pressão da realidade cruel que ele enfrentava.

Atticus soltou uma risada baixa, desprovida de humor, que ecoou pela sala como uma ameaça velada.

— Ele se recostou na cadeira, os dedos entrelaçados, observando o homem diante dele com um olhar que misturava desprezo e entretenimento.

— Vou aceitar, sim, mas não da forma que você imagina.

— Seus olhos brilhavam com uma frieza calculada, como se ele estivesse fazendo planos que iam muito além das palavras que acabara de pronunciar.

Um silêncio denso pairou no ar, Atticus fechou o punho, lutando contra o impulso de destruir o telefone.

— A tensão era palpável; o eco do impacto emocional inundou o ambiente, enquanto os pensamentos de Mattia giravam em um turbilhão. — Ele desejava ter a coragem de se levantar e sair, mas sabia que não havia para onde ir.

— A sua filha vai trabalhar para mim porque ela merece uma chance de escapar da vida miserável que você proporcionou.

— E tudo o que ela ganhar aqui… será destinado integralmente ao fundo universitário dela. CADA CENTAVO ENTENDEU?

— Atticus pronunciou cada palavra como se estivesse martelando uma sentença de morte sobre o futuro de Mattia.

Mattia respirou aliviado — mas foi precipitado em sua euforia, como se tivesse recebido uma migalha de esperança em meio a um banquete de desespero.

— E a dívida? — arriscou perguntar, o medo enraizado em sua voz e nas suas feições desgastadas pela luta diária.

Atticus esboçou um sorriso lento, aquele tipo de sorriso que qualquer homem deveria avaliar antes de redigir seu testamento, era a expressão de alguém que sabia exatamente como manter as rédeas do poder em suas mãos.

— Você é quem vai pagar sua dívida, Mattia. CENTAVO POR CENTAVO dos cem mil dólares, que você me deve, com seu trabalho, não de sua filha, vai trabalhar dia e noite. — A voz de Atticus ressoou como um sino de advertência, um chamado à ação que não deixava margem para dúvidas.

— O peso da cifra parecia esmagador, um fardo que se tornava cada vez mais insuportável com a perspectiva de sua filha sendo a única razão pela qual ele continuava lutando.

Mattia deixou escapar um soluço constrangedor, a realidade pesada esmagando ainda mais suas esperanças, enquanto pensamentos de desespero e impotência se instalavam em sua mente.

— P-por favor, senhor… eu… não consigo— A súplica, embora dolorida, soava quase inconclusiva, como um eco distante de um pedido de ajuda que ele já não acreditava que iria ser atendido.

— Pode, sim!— Atticus interrompeu, sem um pingo de compaixão. — E vai, não se preocupe, não vou te matar, não jogo fora uma mão de obra valiosa. — As palavras dele eram uma advertência, um aviso de que não haveria escapatória.

As pernas de Mattia quase vacilaram enquanto ele falava ao telefone, a sensação de estar preso em uma armadilha impenetrável crescendo a cada instante.

— M-mas, senhor, não tenho saúde, para trabalhar.— Sua voz se quebrou, e ele estava quase afundando em um mar de desespero, consciente de que a única coisa que ele realmente suportava era a dor implacável da culpa, a certeza de que de alguma forma estava falhando novamente, desta vez com sua própria filha.

— Isso não é problema meu, você consumiu a vida da sua esposa até á destruir, como um parasita que se alimenta de sua vítima.

— Rouba o dinheiro da educação da sua filha, transformando sonhos em dívidas e esperanças em desespero.

—Gasta o que ela ganha com uma indiferença imperial, enquanto despede-se da dignidade e do amor que um dia foram à base de sua família.

— Desperdiça o que ela acumula com a mesma facilidade com que se desvia de responsabilidades, como se tudo fosse um jogo.

— E ainda tem a audácia de querer me vender a garota… como se fosse uma mercadoria qualquer, um bem descartável em um leilão de crueldade?

As lágrimas começaram a escorregar pelo rosto de Mattia, escorrendo como torrentes de arrependimento e desespero.

— Ele se sentia pequeno, acuado sob o peso de suas próprias falhas, lembrando-se de momentos de risos e carinho que agora eram sombras de um passado distante.

— Eu… não sabia o que fazer para lhe pagar— a voz dele tremia, sufocada pela angústia e pela desesperança.

— Era como se as palavras fossem uma última tentativa de se agarrar à dignidade, no entanto, escorregavam entre seus dedos como areia.

Atticus falou de forma baixa, firme e cortante como uma lâmina. Cada sílaba era como um golpe, esculpindo uma realidade implacável em meio ao caos emocional.

— Hoje você vai saber, quero você no meu cassino às oito da noite.

— Vamos definir pessoalmente o seu plano de pagamento, e os termos da sua servidão imaginar se há ainda uma saída, e Mattia… —

— S-senhor…? — a palavra escapou de seus lábios como um íntimo pedido ao universo, esperando que, de alguma forma, a situação pudesse ser revertida.

— Se você não aparecer, eu vou atrás de você, e na próxima vez, não serei tão educado.

—Não deixe que a sua arrogância ofusque o seu instinto de sobrevivência, porque eu não sou apenas um homem de negócios; sou o destino que você decidiu ignorar.

Ele desligou, sem dar espaço para súplicas e sem paciência para desculpas.

—Atticus ficou um instante olhando pela janela, observando o mundo que girava indiferente lá fora.

Opal jamais deveria ter entrado em seu mundo — essa era uma verdade inegável.

—Mas agora que estava lá… ele não deixaria que ninguém a esmagasse, principalmente o próprio pai que se desviara tão longe do que um dia foi.

—O jogo agora era outro, e ele se preparava para jogar as cartas que tinham o poder de mudar tudo.

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