A noite caiu sobre Nice com um silêncio denso. O céu limpo parecia indiferente ao caos prestes a explodir na vida de Camila. No alto do hotel, sozinha em sua varanda, ela bebia um copo de vinho tinto, com os dedos trêmulos em torno da taça. Não era medo — era antecipação. A sensação incômoda de que o amanhã traria respostas… mas a um custo alto demais.
Sua mala já estava pronta. Apenas o essencial. Passagens para Zurique compradas. Encontro marcado com os advogados da família. A chave da conta estava guardada em um pequeno cofre no banco suíço. Rodrigo achava que teria acesso fácil. Achava que poderia encantar, intimidar ou comprar o que quisesse.
Mas Camila não era mais a filha perdida. Era a mulher que sobrevivera à ausência, às mentiras e ao amor quebrado.
No espelho, viu seus próprios olhos com um traço novo: algo entre a firmeza e a dor. Estava prestes a confrontar o homem que moldou sua infância sem jamais aparecer nela. E, pior, teria que decidir o que fazer com toda a verdade