O relógio do hotel marcava três e vinte da manhã. Camila não conseguia dormir. As imagens dos vídeos do pendrive repetiam-se em sua mente como um pesadelo sem fim — Rodrigo assinando acordos escusos, transferindo milhões para contas offshores, abraçando ministros, sorrindo ao lado de homens que mais pareciam predadores do que políticos.

Ela apertou o notebook contra o colo e voltou ao arquivo com uma única letra como nome: L.

Letícia.

O vídeo começou com a imagem trêmula de sua mãe, sentada em uma cadeira simples, o rosto abatido, os olhos inchados. A luz era fraca, como se tivesse sido gravado em segredo.

— Se alguém estiver vendo isso... é porque eu falhei — disse Letícia, com a voz embargada. — Tentei avisá-lo. Tentei protegê-la. Mas ele não vai parar. Rodrigo... ele não ama nada além do próprio poder.

Camila sentiu um nó se formar na garganta. Nunca ouvira a mãe falar daquele jeito. Aquela não era a Letícia determinada das lembranças — era uma mulher despedaçada, lutando contra al