A noite chegou devagar, como se respeitasse o silêncio daquela casa que pela primeira vez abrigava a esperança.
O céu da cidade estava limpo, e a lua cheia pairava alta, derramando sua luz sobre a fachada clara da nova casa. Do lado de fora, a brisa morna soprava sobre o jardim bem cuidado, onde pequenas luzes amarelas se acendiam discretamente ao redor das plantas — uma gentileza da governanta, Laura, para “dar boas-vindas à família”.
Dentro da casa, os cômodos já ganhavam vida. A cozinha — ampla, branca e moderna — tinha cheiro de pão de queijo no forno. A bancada de mármore refletia o brilho dos pendentes dourados e das mãos de Amélia que secavam cuidadosamente os talheres com um pano de prato bordado.
— Você não precisava fazer isso, mãe — Isabela disse ao entrar, segurando duas canecas fumegantes de chocolate quente.
— Ora, claro que preciso. Cozinha limpa é casa com alma. E essa casa aqui... meu Deus, Isa, parece de revista!
Ela olhou ao redor, ainda sem acreditar. A geladeira n