A sala da pequena casa na Mooca parecia mais apertada com tantas malas espalhadas pelo chão. O sol da tarde escorria pelas janelas de vidro simples, e o calor era abafado, pesado, como se também estivesse se despedindo.
— Mãe, não precisa levar os móveis — disse Isabela, dobrando com cuidado uma blusa dentro de uma das malas. — Lá já tem tudo. E é tudo novinho.
Amélia, sentada no sofá puído, segurava uma almofada nas mãos como se fosse um tesouro.
— Mas filha... essas coisas foram compradas com tanto esforço.
Isa suspirou, tentando não deixar a culpa aflorar.
— Eu entendo, mãe. Juro que entendo. Mas agora a senhora vai ter uma casa limpa, sem mofo, sem pó. Nada de carregar peso ou mexer com coisa velha que só traz lembrança ruim. Lá é diferente. Tem que desapegar.
Amélia suspirou, mas continuou separando algumas revistas antigas e peças de roupa bem gastas.
— Isso aqui é só um casaquinho velho, mas ele me aqueceu no inverno de dois mil e doze. Foi quando o gás acabou e não conseguimo