A noite tinha um silêncio diferente, como se até o vento soubesse que algo estava prestes a mudar. Não era o tipo de silêncio comum, mas aquele que pesa nos ombros, como se as paredes invisíveis do momento não pudessem ser rompidas por sons banais.
O ar frio trazia o perfume adocicado da flor-do-deserto que ela mesma havia colocado no vaso na semana passada. O aroma, suave e persistente, parecia se agarrar ao ar, misturado ao cheiro de terra úmida depois da garoa leve que caíra no fim da tarde. Cada respiração que Isabela dava vinha densa, mais carregada, como se o ar se recusasse a entrar nos pulmões sem cobrar um preço.
Zayn estava encostado no carro, corpo ereto, ombros tensos sob o sobretudo escuro. As mãos repousavam nos bolsos, mas era fácil perceber que ele não estava relaxado. Seu olhar estava cravado nela com uma intensidade que queimava mais do que o frio da noite. Era o olhar de quem grava cada traço, cada movimento, como se tivesse medo de esquecer.
— Você já vai… — a voz