Capítulo 8 - Familiar

ALEXANDER

Ainda chorando, Molly me encarou um pouco desorientada pelas lágrimas. 

— Meu Deus... — Pousou a mão sobre o peito — Minha filhinha... — Se sentou novamente com a minha ajuda — Será que vai ficar impossibilitada de caminhar?

— Oh, não seja dramática! — Voltei a me aproximar dela, sentado-me ao seu lado — Ela é forte e saudável. Tudo ficará bem.

O médico apareceu na sala de espera e nos reportou a informação de que a perna da pequena Melany deveria ser engessada, uma vez que estava quebrada. Não era nada tão grave, mas deveria ser acompanhado de perto. Aos seis anos, ela tinha tudo para se recuperar rapidamente.

Permaneci algumas horas na sala de espera aturando os médicos e o desespero desenfreado de Molly.

Fiquei com certa pena de vê-la ali daquela maneira vulnerável e ao mesmo tempo tentando manter uma casca ao seu redor. Certamente era engraçado contemplar até que ponto a dureza humana podia chegar. Sentava-me ao seu lado querendo consolá-la quando seus soluços estavam altos demais, mas a coragem de passar o braço ao seu redor me faltou.

 Molly ainda era assustadora e havia me dispensado.

— Não acredito que deixei isso acontecer com minha filha... — Suspirou mais para si do que para mim — Sou a única responsável por ela e sempre disse que nada de ruim iria acontecer... — Escondeu o rosto nas mãos, mas pude ver uma lágrima descendo por sua face, algo que me deixou sensibilizado.

Molly era uma mãe solteira e enfrentava a criação de sua filha sozinha. Não deveria ser algo fácil e eu tinha um pouco de experiência com o assunto. Minha mãe foi também uma mãe solteira de três filhos, eu e minhas duas irmãs menores.

A luta que enfrentou por nós não havia sido fácil e se fazia presente em minha mente enquanto eu assistia Molly chorando em silêncio.

— A culpa não foi sua, Molly, se acalme — Sussurrei de modo controlado e acalentador — Tudo não passou de um acidente que poderia ter acontecido com qualquer criança, em qualquer circunstancia! Não se cobre tanto assim.

— Falar é fácil para você, senhor Alcady. — Não usou um tom ríspido e foi até educada, comparada as outras vezes em que se dirigiu a mim. Secou as lágrimas quando o enfermeiro disse para irmos acompanhar a menina enquanto engessavam a perna dela.

Não sabia se deveria segui-los, mas Molly me encarou como se esperasse uma atitude. Não hesitei em segui-la e adentrei a sala junto dela.

— Pronto, pequena Mel! Aqui estão seus pais! — O enfermeiro brincou com a pequena, que estava sentada e inquieta sobre uma maca colorida e com a perna ainda lesionada esticada. Não chorava mais devido ao efeito da injeção para dor e quando nos viu abriu um enorme sorriso com os olhos brilhando em alivio.

Cheguei a pensar que sequer iria se lembrar de mim, mas me enganei redondamente.

— Mamãe... Alexander! — Sorriu mais ainda ao me ver e esticou a mão em nossa direção.

Por um minuto me perguntei como tudo havia mudado tão repentinamente. Por um minuto me peguei pensando em como e de onde a pequena Melany havia aprendido o meu nome tão rapidamente e se referia a mim de maneira tão familiar.

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