Mayara
Observo Gustavo enquanto ele brinca no chão da sala, empilhando blocos de madeira com concentração. Seu pequeno mundo gira em torno de brincadeiras, escola e tudo o que um menino de sua idade deveria ter. Mas agora há algo novo, uma mudança que eu preciso guiá-lo a entender. Desde que chegamos em casa depois de um dia cheio, estou aqui, ensaiando como falar o que tem me atormentado.
Respiro fundo, sentindo meu coração bater acelerado. Como se diz para um filho que o pai dele sempre esteve por aí, mas nunca soube da sua existência? Que eu tomei essa decisão por medo, por orgulho, por tantas razões que hoje parecem se dissolver e não importar mais diante da realidade?
— Gustavo — chamo com cuidado, sentando-me ao seu lado. Ele pega um bloco e equilibra sobre os outros.
— Oi, mãe. — Olha para mim com seus olhos grandes e atentos, curiosidade cintilando neles.
— Pode parar um pouquinho para a gente conversar sobre uma coisa?
— Tá bom. — Com agilidade, se vira para mim e me dá total