Caíque
Eu não deveria estar aqui.
Pelo menos, não agora, parado na entrada desse café, observando o ambiente como se fosse um intruso. Mas alguma coisa me prende ali, parado no mesmo lugar. Talvez seja o cheiro familiar de café recém passado misturado com pão quente, ou talvez seja a maneira como tudo parece ter mudado e, ao mesmo tempo, permanecido exatamente igual.
Ou talvez seja por ela.
Meu olhar se fixa em Mayara antes mesmo que minha mente registre o que está acontecendo. Ela está apoiada no balcão, concentrada na tela do celular. Os cabelos estão presos em um coque alinhado, uma mecha solta de cada lado, roçando suas bochechas. Ela franze a testa por um segundo e, sem aviso, ergue os olhos. Vira para o lado e me vê.
Como sempre acontece quando nossos olhares se encontram, o tempo para.
Ainda não sei o que esperar a cada vez que nos esbarramos. Nas outras vezes, discutimos, mas agora preciso falar com ela e estou tentando descobrir uma forma de não escalonar e tudo piorar. Seu o