Depois da ligação, nada voltou ao normal.
Mas também não virou caos.
Ficou naquele meio-termo perigoso, onde tudo parece controlado por fora e completamente instável por dentro.
Dominic passou a ligar para Lia duas vezes por semana. Nunca para ela. Sempre para Aria. Sempre em horários combinados. Sempre curtas. Ele cumpria cada limite com uma precisão quase obsessiva, como se soubesse que qualquer deslize a faria desaparecer outra vez.
E ainda assim… pensava nela o tempo todo.
Não era desejo físico. Não daquele jeito imediato. Era a necessidade constante de saber se Lia estava bem, se tinha comido, se tinha dormido, se alguém a tinha feito rir naquele dia. Dominic passou a observar o mundo a partir do impacto que teria sobre ela.
Uma obsessão silenciosa.
Mental.
Contida.
Ele não invadia.
Mas orbitava.
Lia percebia.
Sentia quando o telefone tocava sempre nos mesmos dias. Quando Aria se animava horas antes da chamada. Quando o nome de Dominic surgia na tela e o coração dela reagia antes