A casa parecia diferente naquela manhã.
Não era algo óbvio. Não havia música tocando, nem luz especial, nem risos ecoando pelos corredores. Mas havia algo no ar… como se as paredes estivessem soltando um suspiro antigo, preso ali desde que Aria nasceu.
Lia percebeu no instante em que desceu as escadas com a menina no colo. A mansão, antes tão rígida, tão fria, tão silenciosa, parecia menos… sufocante.
Aria segurava o ursinho com uma das mãos e a blusa de Lia com a outra. O choro da madrugada deixara seus olhos um pouco inchados, mas havia algo novo neles. Uma leveza tímida.
E Dominic foi o primeiro a notar.
Ele estava no final da escada, encostado no corrimão, a postura ereta, mas o olhar completamente entregue. Observava Aria de um jeito tão profundo que Lia sentiu a pele arrepiar.
— Bom dia — ele disse, mas foi para Aria que a voz suavizou.
A menina hesitou, antes de esconder metade do rosto no pescoço de Lia.
Ainda havia medo.
Mas não havia rejeição.
Lia sorriu, reconfortando-a.
—