A música de fundo era jazz. Baixo, envolvente, quase uma carícia nos ouvidos.
O salão da galeria Kármico, no centro da capital, pulsava em tons de dourado, branco e vinho tinto. As paredes, nuas e limpas, serviam de moldura para quadros abstratos e fotografias em preto e branco. As pessoas circulavam com taças nas mãos, vozes contidas, olhares treinados para avaliar mais do que admirar.
Marcus ajustou os punhos do blazer azul-escuro sobre a camisa branca e deu um passo para dentro. O cabelo levemente bagunçado, a barba por fazer e os sapatos pretos de couro inglês o tornavam o centro das atenções mesmo sem esforço.
— Achei que você ia fugir de novo — disse Leonardo, surgindo ao lado dele com um copo de gin. — Precisa relaxar, meu caro. Arte e vinho fazem maravilhas por almas partidas.
— Só estou acompanhando o anfitrião da noite — respondeu Marcus, sem ironia. — E tentando não pensar demais.
— Isso é novo. Você sempre foi o que pensa demais.
— E olha onde isso me trouxe.
Leonardo apon