Nicolo Moretti
Algo se quebra nela. Talvez seja o tom da minha voz, talvez seja a absoluta falta de artifício. As lágrimas que ela continha começam a rolar, silenciosas.
— Mário sempre foi um péssimo homem — ela começa, a voz, um fio de dor. — Ele me agredia, me torturava, gostava de me humilhar quando estávamos com alguns dos seus “amigos”. — Ela engasga e Vincenzo dá um passo à frente, seu rosto é uma máscara de conflito entre a raiva e uma proteção que eu agora começo a entender. — O que era estranho… porque ouvi muitas garotas dizer que o senhor nunca machucou as mulheres que passaram por sua cama.
Ignoro o comentário. O passado é um país estrangeiro.
— Isso não responde à minha pergunta, Connie. Quem o matou?
— Na noite em que ele saiu do teatro, antes do casamento… — ela sussurra, os olhos perdidos em uma memória horrível. — Eu estava no staff… ele me deixou ali… machucada… depois de me estuprar.
Vincenzo fecha os olhos por um segundo, uma onda de dor crua passando por seu rosto